Consumidor pode continuar a parcelar compras de bens duráveis, assegura Mantega

24/03/2008 - 20h05

Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O consumidor nãoprecisa mudar o comportamento na hora de recorrer a empréstimose a compras parceladas, disse hoje (24) o ministro da Fazenda, GuidoMantega. “Não deve haver nenhuma preocupação.O consumidor vai continuar podendo comprar bens duráveis, comotelevisores, geladeiras e automóveis", assegurou.Mantega admitiu que considera excessivo o volumede financiamentos de longo prazo, mas negou que o governo estude alimitação do número de parcelas para a compra deveículos, como alguns jornais chegaram a mencionar."Só falei que 80 ou 90 prestaçõestalvez fosse um número excessivo, mas não falei que 36meses seria o adequado", rebateu Mantega em relaçãoaos financiamentos concedidos para aquisição de veículos.Segundo o ministro, medidas para conter o créditojá foram tomadas quando, por exemplo, o governo aumentou para0,38% a alíquota do Imposto sobre OperaçõesFinanceiras (IOF) para pessoas físicas, em janeiro, e acobrança de compulsório sobre aplicaçõesde empresas de leasing.O ministro descartou ainda que o aquecimento daeconomia brasileira possa se refletir em aumento do índice dainflação neste ano. “No momento, não háum processo inflacionário preocupante no Brasil, apenas umapressão externa provocada pelas commodities [bensprimários com cotação no mercado internacional]e pelos alimentos, que devem baixar de preço quando começara safra”, destacou. “Se tirarem os alimentos, a inflaçãocai para abaixo da meta.”Hoje (24), o boletim Focus do Banco Central,pesquisa semanal feita com cem instituiçõesfinanceiras, mostrou que os analistas de mercado projetam inflaçãomaior para este ano no atacado. A estimativa para o ÍndiceGeral de Preços Disponibilidade Interna (IGP-DI) subiu de5,20% para 5,42% e a previsão para Índice Geral dePreços do Mercado (IGP-M) foi elevada de 5,36% para 5,43%. Osdois índices medem o preço principalmente no atacado.Já a projeção do Índicede Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 2008 – índiceoficial usado pelo governo, que mede a inflação para oconsumidor – ficou inalterada em 4,44%, praticamente no centro dameta de inflação para esse ano, que é de 4,5%.Economistas acreditam que o aumento da inflaçãopoderia acarretar a elevação dos juros. Mantega, noentanto, disse que essa decisão (de aumentar a taxa de juros)cabe ao Comitê de Política Monetária (Copom), doBanco Central. O ministro afirmou ainda que é necessárioque se faça uma análise do sistema de crédito edas perspectivas de investimento dos setores da indústria commaior utilização da capacidade instalada para evitaruma escalada dos preços.“Não vejo risco para agora, nem para 2009ou 2010, justamente porque estamos nos antecipando. Quando nospreocupamos em estimular os investimentos, queremos aumentar a ofertadesses setores”, destacou. “O tipo de preocupaçãoque nós temos é positiva, de quem está vivendoum momento favorável, ao contrário dos Estados Unidos eda Europa”, disse Mantega.