Elaine Patricia Cruz*
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O Conselho Estadual dosDireitos da Pessoa Humana (Condepe) de São Paulo, encaminhouuma carta hoje (24) ao ministro da Justiça, Tarso Genro,solicitando que a Polícia Federal, em Brasília, apure amorte de João Mendonça Alves, encontrado morto na sedena carceragem da PF em São Paulo, no último sábado(22).Após participar da divulgação do balanço de acidentes em estradas federais na Páscoa, o Ministro Tarso Genro afirmou que o caso requer uma avaliação técnica a ser feita com "profundidade e responsabilidade", mas ressalvou que a princípio "foi uma lamentável tentativa de suicídio que deu certo". O Condepe tambémpede que a Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos e o ministro PauloVannuchi, da Secretaria Especial de Direitos Humanos, acompanhem einvestiguem o caso.“O Condepe de SãoPaulo, no uso de suas atribuições constitucionais elegais, requer a instauração de inquéritopolicial para apurar as causas da morte do preso, sendo a obrigaçãode apurar inerente ao caso, já que o Estado étotalmente responsável pela integridade física e pelavida de todas as pessoas que estão sob sua custódia”,diz trecho da carta.Alves foi encontradomorto, com três ferimentos no corpo, na cela individual queocupava na sede da superintendência da Polícia Federal,na capital paulista, um dia após ter sido preso acusado departicipação em tráfico internacional de drogas.No boletim deocorrência aberto pela Polícia Civil da capital, quetambém apura o caso, a Polícia Federal diz acreditar nahipótese de suicídio.Em nota enviada àimprensa hoje (24), a Polícia Federal diz ter encontrado uma“pequena lâmina”, possivelmente de um aparelho de barbeardescartável, que pode ter sido utilizada como arma utilizadana morte do preso. Em entrevista àAgência Brasil e à TV Brasil, Ariel deCastro Alves, secretário geral do Condepe, afirmou que as“investigações precisam ser independentes eautônomas”.“Não queremossó uma apuração da Polícia Federal em SãoPaulo porque as suspeitas pairam pela ação dos agentesda própria Polícia Federal ou por ação oupor omissão. Então precisa-se apurar a própriaconduta das pessoas que trabalham na superintendência daPolícia Federal em São Paulo”, disse.O secretário doCondepe afirmou que todas as hipóteses estão sendoconsideradas, inclusive a de “queima de arquivo”. “Nãopodemos fazer nenhum tipo de pré-julgamento, mas devemos levarem conta todas as circunstâncias e suspeitas exatamente paraque o trabalho policial possa esclarecer todas as dúvidas”.Alves lembrou que estanão foi a primeira morte ocorrida na sede da PF em SãoPaulo. Em 2005, segundo ele, Leonardo Martins morreu na carceragem daPF e até hoje não foram esclarecidas as causas damorte. Castro tambémcitou outras duas mortes ocorridas na PF: a de Manoel Faustino, em2006, na Bahia, e a do chinês Chan King Chang, em 2003, no Riode Janeiro.“Infelizmente, namaioria dos casos que envolve mortes sob a custódia ou emocorrências da Polícia Federal, não temos muitasrespostas. Isso não só no âmbito federal comotambém nos estados”, criticou.