Conhecimento sobre transmissividade da tuberculose é anterior à Era Cristã

24/03/2008 - 13h58

Débora Xavier
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A constatação de que a tuberculose é transmissível surgiu muito antes da Era Cristã, em um documento jurídico do grego Isócrates. A partir daí, o conceito de contágio da doença aparece na obra de diversos filósofos, até que chega ao campo da medicina no Século 2, por meio do médico grego Galeno.Somente na segunda metade do Século 19, o médico militar francês Jean Antoine Villemin levanta a hipótese de que a tuberculose é determinada por um agente causal específico existente nas lesões. Inoculado em organismos suscetíveis, esse agente se multiplicaria e reproduziria o mesmo quadro lesional.A descoberta desse agente coube ao médico alemão Robert Koch. Em 24 de março de 1882, quase duas décadas depois dos estudos de Villemin, ele anunciava ao Instituto de Higiene da Universidade de Berlim, que havia descoberto o agente causal da tuberculose, denominado, desde então, bacilo de Koch.Com diferentes denominações — consunção, peste branca, mal do peito, tísica, — a tuberculose influenciou o comportamento de toda uma geração literária. O termo consunção surgiu com a idéia de que os doentes pareciam estar sendo consumidos por dentro. Era a combustão do ser produzida pelo recorrente estado febril.A denominação de peste branca se deve à palidez da pele contrastando com a cor rósea da região malar. Mal do peito se explica pelos sintomas pulmonares, verificados sempre que a tuberculose se localiza no principal órgão do aparelho respiratório.Embora seja mais comum a doença atacar os pulmões, ela pode se manifestar em qualquer outro órgão do corpo humano, inclusive nos ossos. É o caso da tuberculose extra-pulmonar. Nesse caso, não existe risco de contágio e os sintomas dependem de sua localização.A palavra tísica, uma das mais antigas em medicina, deriva-se de um verbo grego que se emprega com o sentido de decair, consumir, definhar. É provável que muitas doenças consuntivas de natureza não tuberculosa fossem confundidas com a verdadeira tísica.Quando em 1679 Francisco La Boe detectou nos acometidos pela doença a presença de tubérculos no pulmão e em outros locais, por ventura, afetados, inicia-se a prevalência da denominação de tuberculose, tornando quase por completo obsoletos os termos consunção, peste branca e mal do peito.Contrair tuberculose, antes do advento da estreptomicina, em 1944, era uma espécie de sentença de morte. Como na maioria das vezes, a devastação nos pulmões é bastante lenta, as vítimas vagavam por anos em melancolia profunda e isolamento compulsório.O recrudescimento da doença nos últimos anos, em todo o mundo, veio associado à pobreza, à má-alimentação e à ausência de condições sanitárias. Hoje, no entanto, o portador da doença vive uma realidade bem diferente do passado.Além da possibilidade de ser combatida preventivamente com a vacina BCG (Bacilo de Calmette e Guérin) aplicada em crianças e adultos sob a forma de injeção intradérmica, a tuberculose pode ser debelada totalmente, no prazo de seis meses, com modernos e poderosos antibióticos.Para o futuro, há a expectativa de uma vacina terapêutica com a propriedade de curar pacientes infectados com a forma resistente do bacilo e ainda os portadores do vírus da aids.