Plano prevê ações para revitalizar produção da borracha no Amazonas

15/03/2008 - 17h44

Amanda Mota
Repórter da Agência Brasil
Manaus - Atenção especial aos seringueiros do Amazonas pelospróximos três anos. Essa é a proposta do governo estadual que, por meiodo titular da Secretaria de Produção Rural (Sepror), Eron Bezerra,apresentou, nesta semana, em Manaus, um conjunto de medidasque farão parte do plano de revitalização do setor de cultivo e deextração da borracha no estado.  Entre as propostas estão a ampliação do número atual de seringueirosno Amazonas, a compra e o estoque da produção dos extrativistas que nãoencontrarem outros compradores, a implantação de uma política de preçomínimo e a instalação, até o fim do ano, de uma beneficiadorade borracha na calha do Rio Purus e outra na do Rio Juruá, duas das regiões demaior produção de látex no Amazonas. A apresentação do secretário Eron Bezerra foi realizada na aberturado 1º Encontro de Lideranças Extrativistas da Borracha no estado,na terça-feira (11). Durante dois dias, o encontro reuniu 25 seringueiros do interior doAmazonas, que trataram,  sobretudo, das melhorias dascondições de trabalho desses profissionais e ainda das possibilidadespara aumentar a produção da borracha no Amazonas, que hoje não chega amil toneladas.As propostas foram consideradas positivas pelos participantes. Aindaassim, eles não deixaram de apresentar algumas reivindicações. De acordo como  presidente do Conselho Nacional de Seringueiros, Manoel Cunha, asreivindicações estão relacionadas às melhorias das condições decomercialização, apoio para abertura das estradas de seringueiros,distribuição de materiais para extração (tigelas, facas e baldes) etambém recursos para garantir o pagamento dos trabalhadores pelascooperativas no momento da entrega do produto. "Isso aqui é o começo deuma política pública que está sendo implantada e que é específica paraa cadeia da borracha", ressaltou.Os participantes do encontro em Manaus representam municípiossituados nas calhas dos Rios Madeira, Juruá e Purus – que possuemtradição no cultivo e na extração da borracha. Entre eles estáManicoré, o maior produtor de borracha do Amazonas e também o municípioonde é pago o maior valor por quilo do produto no estado (R$ 3,20). NoAmazonas, como forma de subsídio e incentivo à produção, o governo doestado paga às associações e cooperativas R$ 0,70 por cada quilo deborracha produzido. O benefício é ainda maior para os produtores deApuí, Lábrea e Pauini, cujas prefeituras também concedem o benefício –nesses casos em nível municipal e variando de R$ 0,30 a R$ 0,70.O representante de Manicoré, João dos Santos, avalia que o cultivoda borracha no Amazonas vem obtendo resultados positivos, mas quequestões relacionadas ao transporte, ao armazenamento, aobeneficiamento e à comercialização ainda precisam ser resolvidas. Paraele, o aumento da produção está relacionado ao beneficiamento dosseringais. Santos ressalta, ainda, que menos de 30% dos seringais do Amazonassão aproveitados do ponto de vista comercial. "Além de tudo isso, temosque atentar para o fato de que uns 70% dos nossos seringais não estãosendo beneficiados. Se isso se reverter, nossa produção vai aumentarcom certeza."No Amazonas, a borracha é produzida, anualmente, entre osmeses de março e dezembro. O país produz média de 170 mil toneladasanuais do produto, apesar do consumo interno chegar a 300 miltoneladas. O secretário Eron Bezerra lembrou que, apesar da produçãoatual estar abaixo das expectativas, há 100 anos o Amazonas produzia 2 milhões de toneladas de borracha por ano. Segundo Bezerra, issoprova de que é  possível "reerguer" a cultura da borracha no estado. "Opreço do produto sintético está aumentando e os seringais da Ásia estãoperdendo suas qualidades produtivas. É o melhor momento para a borrachano Amazonas ser reerguida, e desenvolver maneiras de aproveitar essasituação será, com certeza, um dos maiores desafios da Sepror [Secretaria de Produção Rural]",completou Bezerra.