Dólar também sofre pressão do mercado externo, avalia economista

15/03/2008 - 0h32

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - As medidas anunciadas esta semana pelo governopara desonerar as exportações não terãoefeito de frear a queda do dólar, avaliou ontem (14), ementrevista à Agência Brasil, o professor de ComércioExterior da Trevisan Escola de Negócios, Olavo Furtado. Asmedidas entram em vigor na próxima segunda (17).Ele analisou, porém, que as medidas sãopositivas “dentro do ambiente que é possível serfeito”. Para conter a desvalorização do dólar,o governo eliminou a cobrança do Imposto sobre OperaçõesFinanceiras (IOF) nas operações de câmbio dosexportadores e o fim da cobertura cambial nas operaçõesexternas, que permitirá a quem exporta manter o total dareceita fora do país. Antes, só 30% dos recursosobtidos com as exportações podiam ser mantidos noexterior. Olavo Furtado afirmou que o fenômeno dodólar depreciado não é novo. Ele disse que oquadro externo também tem seu peso sobre o dólar eacrescentou que, embora o Brasil seja principalmente um exportador de“commodites” (produtos agrícolas e minerais), a recessãonorte-americana acabará tendo reflexos sobre o comércioexterior brasileiro no médio prazo.Furtado afirmou que a possibilidade do Brasilcontinuar atraindo capital estrangeiro não vai diminuir acompetitividade do setor exportador nacional. Ao contrário,poderá servir como incentivo para uma presença maiordos produtos nacionais no exterior e para a internacionalizaçãodas empresas brasileiras. “Tudo que facilita a competiçãoé bem vindo. Eu sou um defensor do livre mercado”.O professor lembrou que o governo federal tem sepreocupado em criar condições para que a indústrianacional consiga levar seus produtos para o mercado internacional. “Éuma regra que independe de partidos políticos”, destacou.Olavo Furtado salientou que, para estimular asexportações, deve-se dar prioridade à questãoda infra-estrutura. “Precisamos criar condições paraque tudo que é produzido nesse país chegue ao porto, aoaeroporto. Ou seja, que a produção seja escoada”,alertou.Ele reconhece que, no entanto, questões deinfra-estrutura não se resolvem a curto prazo. “Não écom um pacote imediato. Na realidade, é com um programa dedesenvolvimento, que eu acho que vem de encontro com o que estápor trás do Programa de Aceleração doCrescimento(PAC) e outras medidas que o governo tem tomado”.Para Furtado, outra forma de incentivar asexportações é desregulamentar o comércioexterior. Ele disse que a burocracia no setor impede que os pequenose médios empresários tenham acesso ao mercado externo.“Quanto mais você criar condições de acesso aomercado externo, vai ter uma inserção maior deempresas. E, com certeza, isso diminui a dependência de fatorescomo o dólar”, conclui.