Ajuste fiscal passa pela manutenção dos investimentos, defende presidente do Ipea

15/03/2008 - 11h50

Aline Beckstein
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O presidente doInstituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), MárcioPochmann, defendeu que uma das melhores formas de realizar o ajustefiscal da economia é manter o ritmo de investimentos no país.Pochmman participou, ontem (14), da aula inaugural do Instituto deEconomia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), na zonasul da cidade. Segundo ele, se a taxade crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) for mantida, no ano quevem o Brasil conseguirá zerar o seu déficit nominal,que corresponde à diferença entre as receitas e asdespesas do governo incluindo os juros."Nósestamos ajustando as finanças públicas com ocrescimento da economia. Quanto mais o Brasil cresce, mais faz oajuste fiscal, porque gera mais imposto e reduz a relaçãodívida sobre PIB, que vem caindo no país", dissePochmman. "Se esse crescimento econômico for mantido, noano que vem teremos déficit zero nominal. Isso é umacoisa que não ocorria há muito tempo". Deacordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística(IBGE), o PIB, que é a soma de todas as riquezas produzidas nopaís, cresceu 5,4% em 2007. O instituto apontou ainda que osinvestimentos no país subiram 13,4%, a maior alta desde 1996.O presidente do Ipea avaliou, no entanto, que o crescimentoda economia de 5,4% no ano passado é considerado baixo nacomparação com outros países. "Estamosimaginando que crescer um pouco mais de 5% é fantástico,mas isso só se olharmos para a mediocridade registrada nosanos anteriores. Essa taxa ainda é pequena frente àpotencialidade brasileira e ao que está acontecendo nos outrospaíses". A manutenção dosinvestimentos foi defendida por Pochmman como forma de garantir umcrescimento sustentável. "O elemento que nos anima adizer que temos condições de gerar um ciclo de expansãopor um tempo maior é o comportamento do investimento, que estácrescendo", disse o economista. " Nos anos de 84, 85, 86,93, 94 e 95, o PIB também cresceu em torno de 5%. A questãoé que não houve a sustentabilidade econômica, queé definida a partir do investimento", avaliou.