Amanda Mota
Repórter da Agência Brasil
Manaus - Com média diária de 2,9 miltoneladas de lixo coletados todos os dias, a cidade de Manausdemonstra, aos longo dos últimos anos, um crescimentoeconômico e populacional que exige, entre outros desafios,"acertar os ponteiros" da educação ambiental,incluindo-se nesse aspecto os horários e os locais certos parase desfazer do lixo originário de residências, empresas,feiras e hospitais, entre outros. A avaliação éda secretária municipal de Meio Ambiente, Luciana Valente."É comum que o lixo seja colocado nasruas em horários diferentes dos que o caminhão decoleta passa diariamente, o que facilita sua violaçãopor cachorros de rua ou possibilitando que seja levado pelas chuvas”,observa. “Por isso, levamos a cabo uma campanha permanente sobre oshorários e pontos de coleta."A secretária destaca a necessidade dereforçar as ações de educaçãoambiental e diz que, para isso, é preciso compreender asparticularidades da zona urbana de Manaus em comparaçãoa outras capitais, como a existência de igarapés (cursosd'água pouco profundidos) dentro da cidade. "Temos muitos desafios. Trabalhamosintensamente para fortalecer as bases da educaçãoambiental, mas a situação não é a mesmapara todos. A cidade é cortada por diversos igarapés ,onde muitas pessoas se assentam irregularmente e acabam gerandoacúmulo de resíduos sólidos, aumentando o riscode alagações e causando problemas ambientais e de saúdepública."A subsecretária da Secretaria Municipal deLimpeza Urbana (Semulsp), Suely D'Araújo, reconhece osdesafios, mas avalia que a capital apresenta avanços nosistema de limpeza urbana que devem ser lembrados. Segundo ela, nemmesmo o chorume (líquido resultante da decomposiçãode resíduos orgânicos) deixa de ter uma destinaçãoadequada atualmente. Ela lembrou que somente em novembro do anopassado se consolidou o novo sistema de disposiçãofinal de aterro sanitário, passando-se a contar com a drenagemde chorume e gases e a construção de lagoas desedimentação para tratamento dos líquidosgerados pela decomposição dos resíduos no corpodo aterro.No balanço dos pontos positivos enegativos, para as representantes da Semma e da Semulsp, o grandeavanço foi a disposição final do lixo. "Jáexistia um sistema de coleta que foi ampliado em funçãodo crescimento da cidade e da existência de pelo menos 25 áreasna cidade que não eram atendidas pelo serviço público.Houve uma ampliação da oferta de serviço",diz Luciana Valente."Em 2005, saímos de um estágiode lixão para o estágio de aterro controlado e no fimde 2007 passamos a contar com um aterro sanitário dentro dasnormas técnicas e ambientais vigentes para começar aaterrar o lixo a partir da estiagem das chuvas. Já temos áreasdevidamente construídas e revestidas com membranasimpermeabilizantes, com drenos para gases, lagoas para estabilizaçãode resíduos. Há ainda uma vala séptica paradestinação dos resíduos hospitalares em geral",comenta Suely.Na capital do Amazonas, a limpeza pública éadministrada pela prefeitura da cidade, mas conta com a terceirizaçãode parte dos serviços, como a coleta e a aterro de resíduossólidos. A coleta realizada inclui diferentes modalidades – manual, mecanizada, seletiva, entre outras. A coleta domiciliarresponde por mais de metade do total diário de lixo coletadoe, para 2008, o orçamento destinado a Semulsp é de R$129 milhões – enquanto em 2007 foi de R$ 101 milhões.Em 2007 a prefeitura inaugurou uma nova balança, de 60toneladas, que dobrou a capacidade de trabalho. Além disso, oscarros coletores estão munidos com kits quepossibilitam seu rastreamento via satélite, facilitando afiscalização do serviço e o acompanhamentodesses carros em tempo real. Um novo aterro já é previsto, massegundo Suely D'Araújo, somente em 2009 devem ser feitas aslicitações para escolha. "Ainda este ano vamosconcluir todos os estudos prévios necessários paraconstrução de dois novos aterros, inclusive com aindicação de detalhes necessários àsdemandas de Manaus. Assim, ano que vem, daremos continuidade a essaatividade. Até lá, vamos continuar fazendo a coleta dosresíduos sem afetar a vida da cidade", antecipa.Sobre projetos futuros, D'Araújo informaque já está em andamento um trabalho específicopara queima de gases, buscando-se possibilitar a entrada de Manaus nomercado de crédito de carbono. "Nesse processo, os gasessão levados por meio de tubos para os queimadores e com issose destrói o metano, cujo potencial poluente para efeitoestufa é 21 vezes maior que o do carbono. Queremos ver aquantidade de metano que foi produzida e o quanto esse númerocorresponde em carbono a fim de lançar isso no mercado. Esseprojeto já foi aprovado e está em fase de implantação",diz.