Candidatos a vagas da Petrobras viajam para concurso sem saber de adiamento judicial

09/03/2008 - 17h44

Nielmar de Oliveira*
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O técnico em eletrônica MárcioNascimento Gomes, 26 anos, deslocou-se de Itaboraí para acapital fluminense, onde prestaria concurso para operador júnior.Na chegada ao local da prova, o comunicado na porta: “Provas daPetrobras serão remarcadas”. A insatisfaçãodescrita por ele é relatada por vários outroscandidatos que não souberam a tempo do adiamento da seleção,por decisão da Justiça.A cidade onde ele morafica no Grande Rio, a cerca de 50 quilômetros da capital.Outros candidatos percorreram distâncias bem maiores paradisputar uma das 296 vagas oferecidas pela empresa no estado. NoCampus Arcos da Lapa da Universidade Estácio de Sá e naUniversidade do Grande Rio (Unigranrio), no centro, havia mineiros,paulistas e até brasilienses, que viajaram mais de milquilômetros.“Ridículo: você estuda, se preparapara fazer a prova, conclui o ensino médio em técnicode eletrônica e acha que vai conseguir uma oportunidade deemprego”, diz Gomes. “Chega aqui e não há sequeralguém para lhe dar uma informação. Eu vim deItaboraí e dou de cara com esse frio comunicado informando ocancelamento da prova.”Marcos Antônio Morais conta que saiu dacidade de Jacareí (SP), no Vale do Paraíba, demadrugada, e gastou R$ 86 somente com o ônibus da vinda. Depoisde uma rápida passagem na casa de parentes em Duque de Caxias,na Baixada Fluminense, também viu a expectativa de uma vaganos quadros da estatal brasileira do petróleo ser adiada.“Viajei durante toda a noite e nãorecebemos qualquer satisfação”, comenta. “Nenhumcomunicado nos foi enviado informando do cancelamento. Agora teremosque voltar e amargar o desperdício de um dinheiro que nóssequer tínhamos – tivemos que arrumar”.Wallace Nascimento Pinto, de Juiz de Fora(MG), declarou-se indignado: “É um sentimento de frustração.É um desrespeito. Tinham que colocar [na internet] quehavia a possibilidade de adiamento.” Ele calcula ter gasto R$ 100com o deslocamento e diz que vai arcar com o prejuízo, poisnão pretende entrar na Justiça para reaver o dinheiro.Acrescenta que, por já ter trabalho, ficou ainda mais chateadopelo filho, Will Wandrey, 18 anos, que buscava emprego.A Petrobras adiou a seleçãoobedecendo a uma decisão judicial. Na noite de ontem (8), adesembargadora Assusete Magalhães, presidente do TribunalRegional Federal da 1ª Região, negou recurso contra aliminar que suspendia as provas do concurso. A estatal oferece, no processo seletivo públicoadiado pela Justiça, 989 vagas para dois cargos de nívelmédio: 936 para técnico de operaçãojúnior e 53 para técnico de equipamentos e instalaçõesjúnior. Estavam inscritos 90.264 candidatos, o que dáuma média de 91 pessoas por vaga.A assessoria deimprensa do Centro de Seleção e Promoçãode Eventos da Universidade de Brasília (Cespe-UnB),organizador do concurso, informou que o transporte e a acomodaçãode candidatos não são de responsabilidade dainstituição. A assessoria afirma ter comunicado todosos candidatos por e-mail sobre o adiamento da prova. O Cespetambém publicou nota ontem em sua página na internetapós a decisão do tribunal.