Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Ainternacionalização das empresas brasileiras éuma tendência que veio para ficar. “Esse é o nossodiagnóstico. E a gente está só engatinhandonesse processo”, ressaltou em entrevista à AgênciaBrasil o presidente da Sociedade Brasileira de Estudos deEmpresas Transnacionais e da Globalização Econômica(Sobeet), Luís Afonso Lima.A Sobeet é uma entidade sem finslucrativos, criada em 1994, que funciona como um fórum dedebates sobre a globalização e a inserçãointernacional do Brasil em suas várias dimensões.Atualmenhte a entidade reúne cerca de 300 associados no país.Segundo Lima, a internacionalizaçãoé uma tendência nos países emergentes. “Ospaíses emergentes estão ganhando uma fatia cada vezmaior entre todas as economias do mundo, não só parareceber, mas para exportar capital, inclusive entre eles mesmos”.Esse movimento é observado não só na AméricaLatina mas, principalmente, na Ásia, disse o presidente daSobeet.Lima revelou que em 1990, das 500 maiores empresastransnacionais, apenas 19 eram de países emergentes. Em 2005,último dado disponível, esse número evoluiu para45. “Isso é quase 10% das 500 maiores empresastransnacionais. E esse é apenas o começo do processo”,enfatizou.Das 100 maiores empresas transnacionaisemergentes, 78 são de países asiáticos e apenas11 são de países latinos, incluindo o Brasil. Essa éa mesma quantidade da África. “Então, você vêque a gente está muito aquém ainda de outras economiasemergentes”.Dados da Conferência das NaçõesUnidas sobre Comércio e Desenvolvimento(Unctad) mostram que oBrasil apareceu quatro vezes entre as 50 maiores empresas de paísesem desenvolvimento em 2006. A presença brasileira foi lideradapela Vale, Gerdau, Construtora Norberto Odebrecht e Petrobras.“Em 2006, o Brasil foi o segundo paísemergente que mais exportou capital de investimento direto,ultrapassado apenas por Hong Kong. Nós tivemos um belodesempenho, inclusive em termos internacionais”, destacou. Aindanão há, entretanto, dados internacionais disponíveissobre 2007.Lima atribuiu o desempenho à compra dacanadense Inco pela Vale, por mais de US$ 16 bilhões. “Foi osuficiente para a gente chegar em segunda posição entreos emergentes investidores no estrangeiro”. A expectativa dopresidente da Sobeet é que a partir de 2007 os volumes deinvestimento brasileiro no exterior sejam cada vez maiores.A internacionalização obedece aocrescimento do mercado mundial. A redução dasfronteiras eleva a competitividade das empresas que têm maiorpresença no mercado externo. Lima citou estudo do Instituto dePesquisa Econômica Aplicada (Ipea), segundo o qual as empresasbrasileiras que têm presença no exterior, desde umsimples escritório até uma unidade de produçãocompleta, apresentam desempenho exportador melhor que o das demaiscompanhias.Os benefícios incluem reduçãode custos de mão-de-obra e matéria-prima, aumento decompetitividade por conta de ganho de escala, criaçãode valor adicionado, difusão de novas tecnologias aplicadas aprodutos e processos, exposição às melhorespráticas gerenciais e inovação em escala global.“Há, sim, benefícios evidentes daexposição de empresas brasileiras no exterior, que sãoquantificados por esse estudo do IPEA”, confirmou Lima.A Sobeet compartilha dessa avaliação.“Temos até constatações de que o inversotambém é verdadeiro. Empresas estrangeiras no Brasiltambém têm esse benefício, não sópara elas mesmas em suas matrizes, mas também para o paíshospedeiro desses investimentos”.Empresas transnacionais são corporaçõesque têm fácil e grande acesso ao crédito paraaquisição de matéria-prima, maquinaria,tecnologia e levam sua produção a diversas partes doglobo. Elas buscam cada vez mais investir em setores diferentes eampliar seus lucros.