Adriana Brendler
Repórter da Agência Brasil
Brasília - De 1995 a 2005, osgastos do governo federal com saúde e educaçãopassaram de R$ 28,7 para R$ 35,9 bilhões e de R$ 15,2 para R$17,4, bilhões, respectivamente, já descontados oefeitos da inflação, mas caíram em relação ao ProdutoInterno Bruto, a soma das riquezas produzidas no país. No casoda saúde a redução foi de 1,79% para 1,59% doPIB, enquanto na educação, de 0,95% para 0,77%.As informações fazem parte de umestudo divulgado no início do ano pelo Instituto de PesquisaEconômica Aplicada (Ipea), vinculado ao Núcleo deAssuntos Estratégicos da Presidência da República,que avaliou os gastos sociais federais considerando a políticaeconômica adotada no país.Para José Ribeiro, técnico dePlanejamento e Pesquisa da Diretoria de Estudos Sociais do Ipea, aEducação e a Saúde são grandes fronteirasque necessitam de qualidade de gestão e ampliaçãodos investimentos. ”Não vai se montar o Plano de Aceleração(PAC) da Educação, o Fundo Nacional da EducaçãoBásica, sem o acréscimo de recursos. Não vamosconsolidar o SUS como se espera se não colocarmos maisrecursos na Saúde”, afirmou.Nos 11 anos avaliados pelo estudo, a saúdese manteve na terceira posição entre as áreassociais com maior destinação de recursos, precedida daPrevidência e dos Benefícios a Servidores Públicos.A educação, que ocupava o quarto lugar em 1995, passoupara a quinta posição, superada pela AssistênciaSocial, que em 2005 recebeu R$ 18,8 bilhões do governo federal- o equivalente a 0,83% do PIB.Evilásio Salvador, assessor de PolíticasSocial e Orçamentária, do Instituto de EstudosSocioeconômicos (Inesc) não vê problemas no fatode o país gastar mais hoje com assistência social do quecom educação. “A assistência social é umgasto importante e relevante. Se pegarmos R$ 18 bilhões aindaé pouco diante do desafio colocado na Constituiçãoe do resgate social que o país tem feito. O que é poucoé o gasto com educação e saúde”.Para Salvador, a falta de investimentos em saúdee educação não decorre da escassez de recursos,mas da canalização para a área financeira. “Agente vê que a dificuldade de crescimento desses gastos éo gasto financeiro do governo com o pagamento de juros e amortizaçãoda dívida”. O deslocamento de recursos arrecadados parafinanciamento da área social para pagamento da dívidapública também foi apontado pelo estudo do Ipea.A Agência Brasil procurou osMinistérios da Educação e da Saúde paracomentar os dados do estudo, mas foi informada de que eles nãoiriam se pronunciar sobre o assunto.