Mantega afirma que passar de devedor a credor é sinal de robustez econômica

21/02/2008 - 21h05

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ministro da Fazenda,Guido Mantega, afirmou hoje (21) que no atual momento de criseinternacional, deflagrada nos Estados Unidos, é muitoimportante a posição do Brasil de devedor para credorexterno, porque coloca o país numa situaçãobastante confortável.“É a primeiravez na história do país que nós somos credores.O Brasil sempre deveu para alguém desde 1500. É umalonga história de dívida”, afirmou o ministro.Mantega ressaltou quepassar de devedor a credor é um sinal de robustez econômica.“É sinal desolidez do país, solidez financeira num dos pontos onde oBrasil tinha uma grande vulnerabilidade. Essa é que é avirada. O Brasil padeceu, pagou um alto preço por ser um paísaltamente vulnerável ao longo dos últimos tempos.Qualquer crise externa derrubava o Brasil. Toda crise externa abalavaa economia brasileira. Nós éramos devedores eacabávamos pagando o preço. E agora, as crises externasnão nos atingem ou atingem menos porque nós somoscredores”, disse.As reservasinternacionais do Brasil somam hoje US$ 188,5 bilhões, contrauma dívida de cerca de US$ 184 bilhões. O saldo épositivo para o país em cerca de US$ 4 bilhões. O ministro afirmou queo Brasil tem condições de cobrir tanto a dívidapública, avaliada em US$ 68 bilhões, quanto a privada,“porque os recursos superam o que tem para pagar no longo prazo”.De acordo com Mantega,a dívida pública inclui títulos com vencimentoem 2018, 2032 e até em 2045. O ministro afirmou quea transformação do Brasil de devedor para credorsignifica que o país tem agora um papel de protagonista nocenário internacional, porque acumula recursos, e isso o tornamais próximo a obtenção da avaliaçãode investment grade, ou grau de investimento. “Com este avanço,esta mudança para credor no ponto de vista das contasexternas, eu diria que já somos investment grade”,disse Guido Mantega. O ministro disse queagora falta só as contas internas. “Mas como nóstemos cumprido, rigorosamente, as metas fiscais, eu diria que nósestamos mais próximos do investment grade.Mantega assegurou que ogoverno vai continuar adotando a política de aumento dasreservas internacionais. Ele acredita que se o Brasil continuaraumentando suas reservas, poderá alcançar o patamar dospaíses concorrentes, como a Rússia, que tem reservas daordem de US$ 400 bilhões. “Com reservas mais robustas, opaís fica mais seguro e a taxa de risco é menor”,disse.O ministro lembrouainda que o país pode obter crédito a taxas mais baixasde juros. “O Brasil tem essa segurança, essa liquidez, e amedida que a Selic [taxa básica de juros] vai baixando,o custo também será reduzido”. Mantega disse que aSelic vai continuar caindo no longo prazo e caminhará nadireção das taxas de juros dos países maisavançados. “Hoje já temos uma taxa de juros real emtorno de 7%”, destacou. O ministro da Fazenda afirmou que adesvalorização do dólar norte-americano, quechegou hoje ser cotado a R$ 1,71, o menor valor desde a crise cambialde 1999, significa “o preço do sucesso. “A moeda se valorizaporque as pessoas, os investidores, têm muita confiançano Brasil, e acham que vão entrar mais recursos no Brasil, queo investment grade está mais próximo. Isso atraiinvestimentos no presente e no futuro.