CPI do Sistema Carcerário encontra superlotação em cadeias públicas de Minas Gerais

21/02/2008 - 22h58

Vitor Abdala
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Sistema Carcerário encontrou hoje (21) celas superlotadas em duas cadeias da Polícia Civil de Minas Gerais. Em uma carceragem feminina de Belo Horizonte, na 16a Delegacia, deputados encontraram 80 mulheres em celas onde só caberiam 30. A informação foi divulgada pela sub-relatora para a Situação de Mulheres Encarceradas da CPI, deputada Cida Diogo (PT-RJ), que contou que em uma cela de 3 metros quadrados, nove mulheres se amontoavam para conseguir dormir. “Além da superlotação, existe uma total falta de respeito às necessidades daquelas mulheres. Nessa cela, nem caberiam três pessoas. E nove mulheres dormem de lado sem poder se virar, uma com o pé na cara da outra, para dividir o espaço", disse.A parlamentar afirmou ainda que, na maior cela da carceragem, onde ficam 50 mulheres, câmeras acompanham cada movimento das detentas 24 horas por dia: “Se essas mulheres expuserem seu corpo, mesmo dormindo, a câmera detecta. E tem alguém monitorando essas mulheres. Isso é um absurdo.”Em uma carceragem masculina, no município de Contagem, a situação de superlotação se repetia, segundo a sub-relatora da CPI, com disputa de espaço e convivência com ratos e baratas. “Eu não resisti, senti náuseas, cheguei a lacrimejar ao ver homens tratados como animais", disse.De acordo com o secretário estadual de Defesa Social, Maurício Campos Júnior, Minas Gerais enfrenta os mesmos problemas de outros estados, mas foi o que mais investiu em segurança pública. “A visita da CPI pode trazer à tona um debate que Minas já tem enfrentado. As unidades prisionais são visitadas mensalmente por todas as autoridades mineiras. O Ministério Público, o Poder Judiciário, a Defensoria Pública, todos esses parceiros participam do esforço da solução dos problemas da segurança pública e no sistema prisional”, afirmou.Dados da Secretaria de Defesa Social apontam que nas penitenciárias mineiras, com 18 mil vagas, estão hoje 23 mil presos. Nas cadeias da Polícia Civil são mais 15 mil, mas não há informação sobre o número de vagas disponíveis.