Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Mesmo com as chuvas constantes desde o final de janeiro, o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, afirmou que o governo não pode prescindir das usinas termelétricas. "Elas são parte do sistema nacional, que tem 80% de geração hidrelétrica e 20% da termelétrica. De tempos em tempos, as termelétricas terão que operar. E provavelmente irão operar ainda por algum tempo", disse. Sobre o leilão dereserva para oferta de energia adicional, que serárealizado pela primeira vez no país no dia 30de abril, Tolmasquim reiterou que trará maior segurança para o SistemaInterligado Nacional (SIN) e fará com que os preços nomercado de curto prazo (spot) também sejam reduzidos. Ele disse acreditar que com a contratação dessa energia de reserva será reduzido o risco de déficit.O leilão sedestina à compra de energia produzida por termelétricasà base de biomassa, com destaque para o bagaço e apalha da cana-de-açúcar, para entrega a partir dejaneiro de 2009 e janeiro de 2010. A energia de reserva, destacou Tolmasquim, não tem nada a ver com o seguro apagãocriado em 2001, durante a crise de abastecimento energético. “Em 2001 estávamosfalando de usinas térmicas com um custo de operaçãode quase R$ 600 por megawatt/hora. Agora, o custo de operação é zero. Aquela energia foi contratadapor três anos e operou apenas uma vez. A energia de reserva vai operar durante 15 anos no período de safra que, no caso doSudeste, vai de maio até novembro", esclareceu. Para o presidente da EPE, o leilão de reserva farácom que as termelétricas mais caras, como as movidas a gáse a óleo, não precisem operar com tanta freqüência.A expectativa é que as usinas que venderem no leilão jáestejam interligadas ao sistema a partir de maio de 2009, para quemse cadastrou para gerar energia a partir desse ano. A participaçãoda bioeletricidade, em particular a gerada pela cana-de-açúcar,na matriz energética brasileira, deverá crescer nospróximos anos. A estimativa é que a produçãode cana chegue a 1 bilhão de toneladas por ano em 2020,contra os atuais 470 milhões de toneladas/ano. A substituiçãodo atual sistema de plantio e colheita manual pelo processo demecanização, restringindo a queima da palha, contribuirá para isso, ampliando a oferta de biomassa, disseTolmasquim.Com o leilão deenergia de reserva, ele explicou que será contratada umaenergia que está além das projeções domercado. A EPE ficará responsável por fazer essecálculo.