Líder do governo diz que presidente Lula não vai interferir nas negociações da CPI

21/02/2008 - 19h43

Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília (Brasil) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não vai interferir na negociação da base aliada no Congresso Nacional com a oposição para compor a presidência e relatoria da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investigará o uso de cartões corporativos.De acordo com o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), o comunicado foi feito hoje (21) pelo ministro das Relações Institucionais da Presidência da República, José Múcio Monteiro, em reunião com Jucá, que defende o entendimento entre governistas e oposição."O Palácio [do Planalto] não vai interferir porque não há uma unanimidade das lideranças. O Palácio não vai tomar uma posição de força ou de direcionamento para dividir a base. É melhor o Palácio sair dessa questão e deixar com os líderes próprios (as negociações) porque é aqui que o bicho vai pegar", afirmou Jucá. Ele acrescentou que, sem o consenso dos aliados, o PMDB não cederá a presidência da CPMI ao PSDB.O líder do governo na Câmara dos Deputados, Henrique Fontana (PT-RS), se manifestou contrário ao acordo. Na avaliação dele, a composição dos cargos da CPMI deve obedecer os critérios regimentais. Ou seja, as maioires bancadas indicam o presidente e o relator.A líder do PT e do bloco governista no Senado, Ideli Salvatti (SC), também tem se manifestado contrária às negociações com a oposição.Ela já conversou com algumas lideranças aliadas na Câmara, como o peemedebista Henrique Eduardo Alves (RN), que se manifestaram favoráveis ao acordo.O líder do governo no Senado criticou o acirramento de ânimos nos últimos dias em torno do assunto, tanto por parte de governistas quanto pela oposição.Para Jucá, isso só contribui para complicar ainda mais uma negociação que permita a instalação e a realização das investigações pela CPMI."Não é ameaçando que vai se resolver o problema. Quando eleva o tom, eleva-se dos dois lados. Ninguém tem o monopólio do tom alto", disse o senador.Segundo ele, o ministro José Múcio é outro que tenta viabilizar o acordo com a oposição. No entanto, ele também considera fundamental o consenso de todos os governistas. "Não dá para patrolar a base".Jucá negou que a demora na instalação da CPMI seja uma estratégia para abafar as investigações. "Não há nenhum acordo para deixar de investigar nem para abafar a investigação. O governo quer investigar, não tem medo da investigação. E quer que seja feito rapidamente".Todo o problema, no entender dele, está no fato de que nenhuma liderança governista abre mão do regimento que prevê a representatividade partidária na Câmara e no Senado como critério para indicação dos cargos.