Estudo aponta mais de 400 feridos por balas perdidas no Rio, em menos de dois anos

24/01/2008 - 22h14

Vitor Abdala
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Entre janeiro de 2006 e setembro de 2007, 35 pessoas morreram e 423 foram feridas por balas perdidas no estado, de acordo com estudo divulgado hoje (24) pelo Instituto de Segurança Pública, que considera como “balas perdidas” os casos em que as pessoas são feridas acidentalmente e sem qualquer relação com a ação criminosa.A capital registra o maior número de ocorrências – oito em cada dez casos no estado – e as principais vítimas de balas perdidas eram homens – 27 dos 35 mortos. Deste total, sete eram crianças e adolescentes. E entre os feridos, 95 são dessa faixa etária. No período pesquisado, pelo menos 46 pessoas foram atingidas dentro de casa e quatro delas morreram. Para a pesquisadora Silvia Ramos, do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (Cesec) da Universidade Cândido Mendes, os dados são resultado do uso indiscriminado de armas de guerra por policiais e criminosos.“As favelas do Rio estão sendo abastecidas, diariamente, por armas e munições há muito tempo e em quantidades que a polícia muitas vezes chama de paiol. Esse uso generalizado de armas de guerra é uma coisa específica do Rio de Janeiro. Não ocorre em outros estados, como São Paulo e Pernambuco, onde a taxa de homicídios é muito alta", afirmou. Na maioria dos casos (324), não é conhecido o contexto em que se originou a bala perdida. Mas nos casos em que se sabe o que ocorria no momento em que a pessoa foi atingida, foram registradas mais vítimas durante ações policiais (39) do que em ações exclusivamente de criminosos (38). Há ainda 57 casos cujo contexto é classificado como “outros” pela pesquisa.