Para Anac, proibição de conexões não reduziu número de passageiros em Congonhas

24/01/2008 - 14h05

Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O governo decidiu voltar a permitir escalas e conexões no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, após ter constatado, no Natal de 2007, que os usuários, por conta própria, organizavam suas conexões, sobrecarregando o check-in das empresas aéreas e o setor de embarque do aeroporto. A explicação é da presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Solange Vieira, que justificou as medidas anunciadas pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, na última segunda-feira (21).“Uma das coisas que aprendemos neste fim de ano foi que a proibição de conexões e escalas em Congonhas sobrecarregou a área de check-in desnecessariamente”, disse Solange à Agência Brasil.Segundo a presidente da Anac, a medida não conseguiu reduzir o número de pessoas que utilizam o aeroporto. Ela explicou que, com a proibição, os usuários de outras partes do país compravam passagens com destino a Congonhas, onde desembarcavam e pegavam um novo vôo até seu destino final. “Eu posso proibir a companhia aérea de deixar o passageiro dentro da aeronave, mas não proibir o usuário de comprar uma passagem para São Paulo e outra a partir dali”.Vieira diz ter recebido um levantamento estatístico da empresa aérea TAM segundo o qual, 14% dos clientes que desembarcaram em Congonhas, em dezembro, estavam usando o aeroporto para conexões. “Esta medida, que tinha o objetivo de diminuir o movimento nos aeroportos, acabou aumentando a quantidade de passageiros passando pela área de check-in. E, de fato, a questão de reduzir o movimento para fins de segurança eu obtenho dizendo quantos aviões podem descer por hora. E isso está mantido”, falou em menção à redução de 48 para 34 pousos e decolagens por hora.Perguntada se a proibição teria sido um erro, Vieira alegou que foi a solução encontrada para uma situação excepcional. “Acho que é um processo e nós estamos aprendendo com ele. Foram adotadas medidas em função de episódios que ocorreram”, justificou. “É importante termos a capacidade de aprendermos com as medidas que tomamos e adequá-las ao melhor resultado para as pessoas”.Sobre a desistência do governo de construir uma terceira pista no Aeroporto de Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo, Vieira explicou que os custos inviabilizariam qualquer uma das opções estudadas. De acordo com ela, o investimento necessário seria suficiente para criar uma via de acesso rápido para o Aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP). “Concentramos esforços em Viracopos, que hoje é o melhor sítio aeroportuário da região de São Paulo, com capacidade de expansão relativamente rápida”.Uma alternativa, comentada inclusive pelo próprio ministro da Defesa, Nelson Jobim, seria a utilização da Base Aérea de Santos, no Guarujá (SP). “A base é uma opção para a aviação geral (vôos não regulares). Esta é uma discussão que está no início. Primeiro a Infraero [Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária] tem de negociar a transferência do terreno, que pertence a Aeronáutica. Já há estudos sobre os custos e a viabilidade financeira.”Ela também afirmou que a diretoria da Anac é favorável a aumentar o limite de participação de capital estrangeiro nas empresas aéreas dos atuais 20%, segundo o Código Brasileiro de Aeronáutica (CBA), para 49%. E também disse ser pessoalmente favorável à concessão de aeroportos para a iniciativa privada. “Esta é uma discussão que o ministro Nelson Jobim e o governo estão fazendo. Eu acho que mais de um gestor, mais de um concorrente no setor, é algo que traz eficiência, bons resultados”, avaliou.