Paloma Santos
Da Agência Brasil
Brasília - Umapesquisa divulgada hoje (24) pela organização não-governamental (ONG) Grupo de Mulheres da CidadaniaFeminina aponta que as mulheres que vivem na periferia das capitais não têm espaço no mercado de trabalho. O estudo foi feito com 64 mulheres da comunidade de Córrego do Euclides, um bairro de Recife (PE), e identifica as principais atividades, a remuneração e a etnia.As informações foram reunidas em um catálogo, a ser distribuído nas ruas da capital pernambucana no sábado (26), Dia da Luta Global por um Mundo Melhor. "O problema é mundial, mas estamos tentando trazer visibilidade às mulheres da periferia, que estão cada vez mais pobres. O estudo é um apelo e vai mostrar a luta dessas mulheres", disse Rejane Pereira, coordenadora da ONG. De acordocom a pesquisa, a maioria das mulheres é negra e recebe entre R$ 30 e R$ 180 mensais em atividades como preparo de alimentos para venda em casa, por não conseguirem ingressar no disputadomercado de trabalho. O resultado, acrescentou a coordenadora, é que "elas entram apenas no mercado informal: costumam vender pipoca, salgados, tapioca e outros alimentos, em barracas montadas geralmente diante das residências".
Acoordenadora apontou o racismo como uma das barreiras para a profissionalização das mulheres, ao informar que 94% das domésticas e lavadeiras entrevistadas são negras. "Chegamos à conclusão de que é preciso enfrentar o racismo echamar a atenção das autoridades para a pobreza dessasmulheres e para as dificuldades que elas encontram”, alertou.
O Mapa da PopulaçãoNegra no Mercado de Trabalho, elaborado em 1999 pelo Departamento Intersindical de Estatística eEstudos Socioeconômicos (Dieese), aponta que a mulhernegra sofre uma dupla discriminação no mercado detrabalho. E que o desemprego entre negros, em Recife, sófica atrás do de Salvador, que tem taxas de 26,3% (mulheres) e20,7% (homens). Na capital pernambucana, o índice para mulheres negras é de 25,6% e para os homens, de 18,5%.