Crise nos EUA não impedirá melhoria no perfil da dívida pública, diz secretário

24/01/2008 - 17h03

Hugo Costa
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Apesar do impacto da crise nos Estados Unidos na emissão de títulos da dívida externa, a rolagem da Dívida Pública Federal não deve ser afetada. A afirmação é do secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustín. Apesar da turbulência internacional, ele disse hoje (24) acreditar que a a dívida, em 2008, apresentará melhoria em relação ao ano passado.Segundo o secretário, os fundamentos econômicos sólidos permitirão ao país atravessar o período de instabilidade na economia internacional. “As condições de mercado, num determinado momento, podem ser afetadas, mas no médio e longo prazo, a condição do país com fundamentos positivos vai fazer com que as curvas [de juros] retornem à normalidade”, avaliou.Augustín, no entanto, admitiu que a turbulência iniciada com a crise no mercado imobiliário norte-americano, no ano passado, impediu o Tesouro Nacional de captar recursos com a emissão de títulos no exterior. “Um reflexo óbvio já comentado é que no segundo semestre não prosseguimos com o nosso programa de captação externa. Entendemos que não era o melhor momento”, explicou.Para este ano, o secretário avalia que o prazo médio da dívida continuará a aumentar e que o perfil continuará a melhorar, com mais títulos prefixados e vinculados a índices de inflação – cujos custos para o governo são mais previsíveis do que os títulos atrelados à taxa Selic (taxa básica de juros) e ao câmbio. Isso, segundo Augustín, ocorrerá por causa da estabilidade econômica no Brasil.“A situação fiscal brasileira permite uma liberdade maior de forma que nós acreditamos que, em 2008, a nossa rolagem de dívida vai poder ser feita com aumento de qualidade, podendo haver um aumento do prazo médio da dívida que vai vencer”, destacou o secretário. “Com isso, tendo maior tranqüilidade e condições ainda melhores de vencer situações de turbulência.”Em 2007, o prazo médio da Dívida Pública Federal (composta pela soma das dívidas em títulos federais no mercado e da dívida pública externa) subiu de 35,5 meses para 39,2 meses. Os números estão dentro do Plano Anual de Financiamento (PAF) para 2007, que estipulava prazo de 37 a 42 meses.Sobre o aumento de 7,8% no estoque da dívida interna no ano passado, que encerrou 2007 em R$ 1,333 bilhão, o secretário disse que, apesar de o valor ter ficado abaixo do R$ 1,37 bilhão estabelecido pelo PAF, a diferença não preocupa. “A pequena diferença da dívida interna em relação ao PAF não é expressiva. Cumprimos as metas de 2007 e entendemos as metas basicamente como os percentuais, o prazo médio da dívida e o percentual que vence em 12 meses”, declarou.