Marco Antônio Soalheiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Confederaçãoda Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) entende que odesmatamento na Amazônia só será controlado deforma adequada se o governo federal não se preocupar apenas empunir, mas oferecer políticas compensatórias para queos produtores evitem a derrubada de árvores. A tese foidefendida hoje (24) pelo presidente da Comissão Nacional deMeio Ambiente da CNA, Assuero Veronez, em entrevista à AgênciaBrasil. “Nahora em que a floresta de pé valer mais do que a florestaderrubada, vamos conseguir consolidar números para baixo eatingir o desmatamento zero”, afirmou Veronez. Ele ressaltou,entretanto, que não enxerga, da parte do governo, disposiçãopara discutir uma legislação ambiental “condizente”com a importância do agronegócio para o país: “Hámuita ideologia e ignorância”.ParaVeronez, seria hipocrisia dizer que a expansão da soja e dapecuária não influenciou no desmatamento da Amazônianos últimos cinco meses de 2007. Ele relativizou a dimensãodos 3.235 quilômetros detectados como devastados pelo InstitutoNacional de Pesquisas Espaciais (INPE): “Não é paracausar tanta comoção. Historicamente, não émuito. Houve uma redução significativa do desmatamentona região nos últimos três anos, e acredito queisso não vá retroceder.”Sobrea afirmação do secretário executivo doMinistério do Meio Ambiente (MMA), João PauloCapobianco, de que o desmatamento real de agosto a dezembro de 2007poderia chegar a 7 mil quilômetros quadrados, quando medido porimagens de satélite mais detalhadas, Veronez disse: “Nãotrabalho com suposição”.Segundoele, os erros da política ambiental do governo federal seriama preocupação “excessiva” com puniçãoe a criação de grandes unidades de conservaçãoambiental sem necessidade ou condições ideais deadministrá-las. “O grande latifundiário da Amazôniaé a União, que tem 75% das terras. As propriedadesparticulares respondem apenas por 25%”, ressaltou.Veronezdisse que existem 800 mil pequenos proprietários de terra naregião amazônica que recorrem ao desmate por nãoterem alternativas de sobrevivência. Os níveis deprodução de lá seriam defasados em relaçãoa outras regiões do país: “Temos que levar tecnologiapara que eles melhorem a produtividade.”Opresidente da Comissão Nacional de Meio Ambiente da CNA nãoacredita que os grandes latifundiários estejam envolvidos deforma predominante no desmatamento da Amazônia: “Pode estarocorrendo algo, mas os grandes proprietários não têmvontade de afrontar a lei para desmatar. Os mecanismos de controlesão eficientes, e eles podem responsabilizados com pesadasmultas.”