Aline Beckstein
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Mesmo com o aumento de 7,7% nos últimos quatro anos da média de rendimento mensal real dos trabalhadores, ainda não foi possível recuperar as perdas de 2002. É o que aponta a análise das pesquisas mensais de Emprego e Renda do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para as seis regiões metropolitanas pesquisadas.No segundo semestre do ano passado, o rendimento médio real (R$1.141,92) era 4,9% menor que no mesmo período de 2002 (R$1.200,19), apesar de estar em processo de recuperação. O economista do IBGE Cimar Azeredo lembrou que em 2003 houve um processo de recessão que atingiu também meados de 2003 e atravessou o primeiro semestre de 2004."Esse processo de recessão baixou muito o poder de compra da população e desorganizou o mercado de trabalho. Desde 2004, aos poucos, o mercado vem passando por um processo de reorganização e recuperação, mas sem conseguir atingir ainda o patamar de 2002", disse Azeredo, acrescentando que a expectativa é de que, nos próximos anos o país consiga recompor todas essas perdas.A Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE mostra que o índice de desempregados no país, em 2007, ficou em 9,3%, o menor dos últimos cinco anos, e que o número de pessoas empregadas com carteira assinada no setor privado subiu de 39,7%, em 2003, para 42,4% no ano passado. Os resultados positivos, segundo Azeredo, refletem o desempenho da economia."O cenário do mercado de trabalho está melhor, porque o cenário econômico melhorou. As taxas de juros sofreram um processo de acompanhamento que deu aos investidores maiores garantias, e o controle de uma moeda internacional permitiu isso. O risco país também está mais baixo. São esses indicadores do cenário econômico que dão ao investidor uma maior confiança para criar postos de trabalhos", explicou o economista.A pesquisa também revela crescimento no número de contribuintes para a Previdência: o contingente de trabalhadores subiu de 61,1%, em 2003, para 64,1%, em 2007. As estimativas para a população ocupada que contribui para a Previdência revelam que, tanto no último ano, quanto na comparação com 2003, houve expansão superior à da população ocupada. Entre 2003 e 2007, o número de pessoas ocupadas aumentou 11,9% e entre aqueles que contribuem para a previdência a variação foi de 17,3%."Esses números refletem a entrada de pessoas com carteira assinada no mercado de trabalho, fazendo com que aumente automaticamente a contribuição para a previdência", disse Azeredo. "Mas, além disso, aquelas pessoas que estavam na informalidade, num mercado não muito organizado, começaram a contribuir. Isso só foi possível porque o mercado de trabalho está mais organizado, passando por menos instabilidades".