Produtores querem cachaça reconhecida como genuinamente brasileira

23/01/2008 - 17h44

Danilo Macedo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Da mesma maneira que o uísque genuíno tem que ser o produzido na Escócia, queremos que a cachaça legítima seja a produzida no Brasil, afirmou hoje (23) o presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Cachaça, João Luiz de Faria. Reunidos no Ministério da Agricultura pela primeira vez neste ano, os representantes do setor discutiram o reconhecimento internacional da cachaça como produto genuinamente brasileiro. Esse reconhecimento, acrescentou Faria, protegerá os produtores no caso de cópias feitas em outros países. "Continuará a existir a aguardente de cana feita na África, na Austrália, na China, na América do Sul, mas é fundamental a proteção ao produto brasileiro, especialmente quando ele tiver um crescimento mais acelerado", defendeu. O presidente doInstituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac), César Rosa,que participou da reunião, disse que para o reconhecimento o governo precisa estar envolvido, por se tratar de uma negociação em que geralmente é imposta uma contrapartida. "Os Estados Unidosjá ofereceram o reconhecimento do produto 'cachaça do Brasil', desde queuma nova empresa aérea fosse aberta por uma empresa americana no país. Então, é um ato de negociação degoverno”, exemplificou.Rosa, que também é produtor, lembrou que o segmento "gera 650 milempregos, tem 40 mil produtores, dos quais 99% são micro e pequenos, e 4 milmarcas comercializadas, com quase 200 exportadores". Segundo ele, o trabalho pelo reconhecimento já é feito há dez anos. "O governo mexicano investiuinstitucionalmente 12 anos nesse negócio e hoje a tequilarepresenta US$ 250 milhões nas exportações daquelepaís", citou.O presidente do Ibracinformou ainda que a capacidade instalada para exportação decachaça no Brasil é de cerca de 1,1 bilhão delitros por ano, mas que apenas 14 milhões de litros sãovendidos para outros países.