Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Não há estudos no Brasil que indiquem maior ou menor incidência de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) durante o período do carnaval. A explicação foi dada hoje (23) à Agência Brasil pelo chefe da unidade de DST do Programa Nacional de DST e Aids do Ministério da Saúde, Valdir Pinto.O técnico se referiu a estudo divulgado pela Universidade Federal Fluminense (UFF), que aponta que a idéia da promiscuidade e do “forte apelo sexual” nas festas do carnaval poderia ser um mito. Como a pesquisa foi realizada entre os anos de 1993 e 2005 no ambulatório médico da UFF, localizado “em um bairro de Niterói”, Valdir Pinto afirmou que “não dá para se inferir que o que acontece nesse ambulatório aconteça no Brasil como um todo. Para a gente dizer que o carnaval aumenta ou diminui a incidência das DSTs, teria que se fazer um estudo nacional, com base populacional”, argumentou.Valdir Pinto admitiu que, durante o carnaval, o consumo mais elevado de álcool e a grande mobilização das pessoas pelos estados brasileiros são elementos que “podem tirar o senso de responsabilidade da prática do sexo seguro”.Isso, portanto, colocaria pessoas em situações mais vulneráveis a adquirir uma DST. “A gente sabe disso. Agora se ele [índice de pessoas contaminadas] aumenta ou diminui, a gente não tem nenhum estudo nacional comprovando isso”, enfatizou. De acordo com o especialista, o Ministério da Saúde realiza campanhas de prevenção das DSTs há mais de 15 anos no país. Com a chegada do carnaval, uma festa popular e nacional, a campanha será intensificada em nível nacional.Valdir Pinto informou ainda que o ministério promove outras campanhas em festas regionais que atraem um número crescente de turistas a cada edição. São exemplos as festas de São João, no Nordeste, e a festa do Boi de Parintins, no Pará. “Existem campanhas regionais, feitas pelas coordenações estaduais e municipais de saúde desses estados, com apoio do Programa Nacional de DST e Aids. Quer dizer, a gente vê onde estão as vulnerabilidades das populações. E fazemos campanhas voltadas a elas.”O ministério realiza ainda uma campanha no dia 1º de dezembro, eleito como o Dia Mundial de Luta contra a Aids. Nos últimos anos, já foram alvo da campanha os jovens, os afro-descendentes e as mulheres. Valdir Pinto destacou também a campanha de prevenção da aids nas escolas que vem sendo realizada desde 2003. Nessa campanha, há distribuição de preservativos aos alunos.Os números mais recentes disponíveis no Ministério da Saúde indicam que, de 1980 até junho de 2007, foram notificados no Brasil 474.273 casos de aids, com predominância na região Sudeste. Os óbitos acumulados até 2006 somaram 192.709.Desde que foi notificado o primeiro caso, em 1982, já foram registrados 54.965 casos de contaminação de jovens (até junho do ano passado). A maioria dos registros (44.628) foi encontrada na faixa etária dos 20 aos 24 anos.