Fábrica de preservativos com látex natural deve ser inaugurada em 90 dias

23/01/2008 - 5h35

Amanda Mota
Repórter da Agência Brasil
Manaus - Com investimentos de R$ 30 milhões, a primeirafábrica de preservativos do mundo a usar látex natural (de seringueira) deveiniciar suas atividades em até 90 dias no município de Xapuri, nointerior do Acre. Apesar de ainda não ter sido inaugurada, a mais novaindústria brasileira já está em funcionamento, fabricando algumasunidades para os testes de certificação exigidos antes de o produto entrar no mercado consumidor. A inserção dospreservativos no mercado brasileiro vai depender da Agência Nacional deVigilância Sanitária (Anvisa), que aguarda o fim do processo decertificação e a implantação do programa de qualidade por parte dofabricante.A fábrica de preservativos com látex natural surgiu de um projetodesenvolvido pelo governo do Acre. No ano passado, ganhou força com sua inclusão em um dos novos projetos que serão apoiados eimplantados nas áreas de abrangência da  Superintendência da ZonaFranca de Manaus (Suframa) - Amazonas, Acre, Rondônia, Roraima e osmunicípios de Macapá e Santana, no Amapá. De acordo com odiretor-presidente da Fundação de Tecnologia do Acre (Funtac), CésarDotto, além da proposta de  trabalhar com uma das grandespotencialidades naturais da Amazônia - o látex de seringueira - oprojeto possui outro diferencial, que é a Parceria PúblicaComunitária. Os fornecedores da matéria-prima são centenas deprodutores da Reserva Extrativista Chico Mendes, localizada entre osmunicípios de Xapuri e Brasiléia. Em pleno funcionamento, a fábricaterá condições de oferecer 150 empregos diretos."Os objetivos desse projeto vão além da produção dos preservativos.Buscamos reduzir a importação de preservativos masculinos por parte doMinistério da Saúde, viabilizar a economia extrativista da borrachanatural e a melhorar a qualidade de vida das pessoas que vivem naregião. A idéia é trabalhar a inclusão social e a promoção da cidadaniado homem do interior. Para isso estamos contando com o trabalho de 420produtores atualmente, com a meta de chegar a 700", ressalta Dotto.O projeto é inédito no país e, segundo representantes do governoacreano, também não há notícias de iniciativas similares no mundo. Em função disso, a novidade precisou de mais tempo doque o previsto para chegar ao resultado desejado. Aproposta é de que a produção atenda ao mercado nacional sob a orientaçãodo Ministério da Saúde."Não existe nenhuma fábrica do mundo que utiliza o látex nativo deseringal e por isso tivemos muitos aprendizados até chegar aqui.Tivemos que realizar toda a adapatação necessária para formulação dopreservativo, por exemplo. Precisamos de mais tempo. Agora estamos numprocesso de certificação do produto e do processo", afirma.De acordo com a direção da Suframa, a produção da fábrica devechegar a 100 milhões de preservativos ao ano. Além da autarquiafederal, também investiram na construção da fábrica de preservativoscom látex de seringueira o Ministério da Saúde - com equipamentos; aEletronorte - com a distribuição de kits de energia para as comunidadesenvolvidas; a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) - com a captação deágua; e o Ministério da Integração Nacional - com a melhoria dasestradas da região.Sobre as expectativas, Dotto diz apenas que espera ver oproduto no mercado nacional o mais breve possível. "A fábrica já fazparte da vida dessas duas comunidades porque como eles já sãofornecedores do látex e já participaram dos treinamentos necessários aesse trabalho, não dá para dizer que o processo ainda não começou. Aexpectativa agora não é mais de ver a fábrica funcionando e sim de colocarisso para a comunidade consumidora. Pretendemos sair o quanto antesdessa fase de certificação e fazer com que este produto esteja nomercado", acrescenta.