Campanhas de combate a DST devem ser contínuas, avalia pesquisa

23/01/2008 - 10h02

Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - As campanhas publicitárias de saúde que incentivam o uso de preservativos durante o Carnaval não diminuem a incidência de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) depois que a festa acaba. É o que mostra uma pesquisa divulgada hoje (23) pela Universidade Federal Fluminense (UFF).“Se as campanhas estão no lugar certo e na hora certa, precisa ser documentada a diminuição de casos imediatamente após a apresentação das mesmas", diz o texto do estudo.A pesquisa analisou diagnósticos de gonorréia, sífilis ou tricomoníase em 2,5 mil pacientes que procuraram pela primeira vez o serviço médico da universidade em Niterói (RJ) com sintomas dessas doenças, no período de 12 anos.Constatou-se que essas três doenças apareceram meses depois do Carnaval, quando deveriam se manifestar logo em seguida, entre os meses de abril e março, já que o feriado do carnaval na maior parte dos anos estudados caiu em fevereiro. Para a autora da pesquisa, a médica Wilma Arze, as campanhas intensas durante o período do carnaval podem fortalecer a crença de que a festa é sinônimo de “promiscuidade geral”. “As grandes campanhas se apóiam na hipótese de que há maior exposição a práticas de risco em toda a população brasileira, o que levaria a relações sexuais desprotegidas”, afirma. A médica defende campanhas contínuas durante todo o ano. Em entrevista à Agência Brasil, Roberto Pereira, secretário do Fórum das ONGs/Aids do Rio, entidade que reúne 124 instituições, também avaliou que para combater a disseminação de DST várias propagandas em diversas linguagens devem ser divulgadas durante todo o ano.“Temos que ter campanhas contínuas. Algumas pessoas entendem rápido, assimilam rápido, mas outras demoram mais. No dia-a-dia temos que trabalhar isso permanentemente até que faça parte da cultura das pessoas”.Segundo a pesquisa da UFF, desde 1995 o Ministério da Saúde realiza campanhas estimulando o uso de preservativo. Normalmente, as exibições começam uma semana antes do carnaval e terminam na quarta-feira de Cinzas.O Ministério da Saúde informou, por meio da assessoria de imprensa, que realiza duas grandes campanhas de combate à aids e DST. Uma no Dia Mundial de Luta contra a Aids, em dezembro, e a outra durante o carnaval. Nesses dois períodos, campanhas publicitárias são veiculadas na TV, rádio e internet.