Após deixar fazenda, MST promete novas ocupações se não houver reforma agrária

23/01/2008 - 12h15

Felipe Linhares
Da Agência Brasil
Brasília - Trezentas famíliasde trabalhadores rurais ligados ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) do Rio Grande do Sul desocuparam hoje(23) a Fazenda Finca, que pertencia ao traficante colombiano JuanCarlos Abadía. De acordo com a integrante do movimentoLuciana da Rosa, as famílias estão saindo das terrasmesmo sem receber ordem de reintegração de posse.Segundo relatório do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária(Incra), cerca de 90% da fazenda está em área de preservaçãopermanente. Para evitar o uso impróprio, os sem-terraplantaram mudas de árvores nativas no local. “Vamos ficaratentos para que não transformem [a área dafazenda] em monocultura de eucalipto, como se vê em toda[área em] volta dela”, afirmou a integrante do MST.A ocupação,de acordo com Luciana da Rosa, é um ato para que o governofederal cumpra o compromisso, firmado no final do ano passado, deassentar mil famílias até abril de 2008. “Isso é umavergonha. Enquanto as terras servem para o tráfico, o agronegócio, a monocultura de eucalipto, que destróia terra e meio ambiente, existem milhares de famílias que nãotêm onde morar e trabalhar”, criticou. De acordo com o MST,2,5 mil famílias estão acampadas em estradas do RioGrande do Sul e há mais de três anos nenhum assentamentofoi feito. “Podemos voltar para cá ou ir para outro. Vamoscontinuar nos mobilizando até que a reforma agráriaseja feita no Rio Grande do Sul.” O Incra ainda não se manifestou sobre a desocupação. A fazenda foi vendida pela Justiça Federal por R$ 850 mil na última segunda-feira (21), mesmo dia em que os sem-terra ocuparam a área. Segundo avaliação do Incra, as terras são impróprias para a agricultura e inviáveis para a realização de assentamentos da reforma agrária.