Paulo Rocha discute com procurador e juíza durante interrogatório

18/12/2007 - 20h22

Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Em seu depoimento hoje (18) à Justiça Federal em Brasília na ação penal sobre o caso do mensalão, o deputado federal Paulo Rocha (PT-PA) foi repreendido pela juíza Maria de Fátima Costa e pelo procurador do Ministério Público Federal João Alfredo de Paula Silva.Mostrando nervosismo, Rocha se exaltou após discordar da interpretação do procurador quanto a sua resposta sobre se ele estranhava a intermediação do empresário Marcos Valério de Souza no repasse de recursos do PT nacional para o PT do Pará.“O senhor não fique me apontando como se estivesse na Câmara dos Deputados. O senhor me respeite”, disse o procurador, levantando a voz. Rocha procurou se justificar, alegando que sua situação era incômoda.Com a intervenção de seu advogado, que insistia em que a Promotoria reconsiderasse a resposta do deputado, criou-se um impasse. Foi necessária a intervenção da juíza. “Aqui não é a Câmara dos Deputados e o senhor não vai bagunçar a audiência. O senhor responda às perguntas", gritou Maria de Fátima Costa.Quando tentou dar seqüência ao interrogatório, o procurador foi orientado pela juíza a continuar tratando o deputado por réu. “Ele aqui não é deputado. Ele é réu. Aqui, quando nos referirmos a ele, o trataremos por réu”, disse Maria de Fátima.Rocha foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por envolvimento em repasses irregulares de recursos para o PT. O deputado garante que não tinha conhecimento de que o dinheiro usado para pagar dívidas de campanha do diretório estadual do partido viesse de Marcos Valério.“Não tinha conhecimento de absolutamente nada. Não sabia de onde vinham os recursos. Como presidente do partido no Pará, busquei o diretório nacional, indo ao local certo, a tesouraria, buscando ajuda para saldar essa dívida”, declarou Rocha ao depor na 10ª Vara Criminal da Justiça Federal, em Brasília. O deputado é acusado por lavagem de dinheiro.Desde novembro, os 40 acusados respondem como réus após terem sido denunciados pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza. Ele os acusa de participar de esquema de compra de votos em troca de apoio político. Entre os réus estão os ex-ministros José Dirceu (Casa Civil) e Luiz Gushiken (Comunicação Institucional), o empresário Marcos Valério de Souza e o publicitário Duda Mendonça, além de deputados e ex-deputados. A existência do esquema que ficou conhecido como mensalão foi denunciada pelo ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB) em 2005. A denúncia contra os 40 acusados foi apresentada ao Supremo Tribunal Federal pelo procurador-geral em 2006, acatada pelo tribunal em agosto deste ano e convertida em ação penal em 12 de novembro.