Parentes de vítimas de explosão em fábrica de fogos esperam indenização até janeiro

19/12/2007 - 0h35

Deborah Souza
Da Agência Brasil
Brasília - O Movimento 11 de Dezembro, formado por parentes das vítimas da explosão de uma fábrica de fogos de artifício em 1998, espera que até o próximo mês o governo federal comece a pagar indenizações às crianças que perderam os pais no acidente. O acidente, no município de Santo Antônio de Jesus (BA), deixou 64 mortos. “As crianças já cresceram, mas continuam passando por necessidades e não encontram outro caminho", disse a integrante do movimento Rosandra Santos Rocha, em entrevista à Agência Brasil. Para ela, que perdeu três irmãos no acidente, o pagamento das indenizações será o "primeiro passo" para resolver o problema. Em 2006, o Movimento 11 de Dezembro entrou com uma ação na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CDIH) da Organização dos Estados Americanos (OEA), reclamando da demora da Justiça brasileira e da falta de assistência aos parentes das vítimas por parte dos acusados e do Estado.De acordo com Rosandra Santos, o país foi obrigado a assumir a responsabilidade do acidente e será punido. Os governos federal e estadual terão um prazo, ainda não definido, para cumprir o acordo.“De lá para cá, o Estado tem tentado cumprir com o seu papel". A militante disse que um grupo de trabalho em Salvador luta para que se apresente, o mais rápido possível, uma proposta de combate à clandestinidade das fábricas de fogos em Santo Antônio de Jesus.Segundo a presidente do Fórum de Direitos Humanos de Santo Antônio de Jesus (BA), Ana Maria Santos, os empregados da fábrica trabalhavam sem carteira assinada, sem segurança, havia trabalho infantil e exploração de mão de obra barata. “Mesmo a Justiça tentando impedir, eles continuam trabalhando de forma clandestina.”O movimento aguarda a data do julgamento, que será realizado em Salvador. Em junho deste ano, uma audiência foi marcada, mas dois dias antes os advogados dos réus pediram o adiamento.