Yara Aquino
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Os representantes da indústria deram um “tiro no pé” ao não apoiar a prorrogação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), na avaliação do cientista político da Universidade de Brasília (UnB), David Fleischer."Os industriais acho que deram um tiro no pé, porque podem aumentar os impostos como IPI [Imposto sobre Produtos Industrializados] e IOF [Imposto sobre Operações Financeiras], que vão incidir sobre esse setor industrial, talvez até mais do que a CPMF”, afirmou Fleischer, em entrevista à Rádio Nacional. Durante as discussões sobre a prorrogação do imposto do cheque, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, entregou no Senado e na Câmara um manifesto contrário à continuidade da cobrança, com mais de um milhão de assinaturas. Para o cientista político, a decisão do Senado de não prorrogar a contribuição tem em vista as eleições municipais de 2008. “A oposição, principalmente o DEM, quer privar o governo Lula de ter esses R$ 40 bilhões disponíveis para programas sociais e outros programas eleitoreiros para 2008 nas eleições municipais.” Fleischer avalia ainda que a derrota política será usada como "retórica" nas eleições. “Eu acho que isso vai fazer parte da retórica eleitoral de 2008, na campanha de dizer 'bom, aqui na nossa cidade esses dois novos hospitais não foram terminados porque o DEM e o PSDB cortaram a CPMF'. Ou de dizer 'você acha que você foi atendido pior pelo SUS [Sistema Único de Saúde] em 2008 do que em 2007? A culpa são desses dois partidos, que extinguiram a CPMF”, afirmou o cientista político.