Para rede feminista, decisão sobre aborto não deve passar por concepções religiosas

16/11/2007 - 21h56

Marco Antônio Soalheiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O tema da legalizaçãodo aborto chegou a ser aprovado como recomendação na11ª Conferência Nacional de Saúde, mas nãoresultou em providências práticas por parte dasautoridades. Agora, na 13 ª edição do evento,a diretora da Rede Nacional Feministas da Saúde, ClairCastilhos acredita que uma deliberação favorávelà descriminalização terá outros efeitos:“A novidade é que a posição do Ministro daSaúde é claramente favorável ao tratamento doaborto como problema de saúde pública. Nosso paísé um estado laico e não confessional, como o Irãe outros islâmicos. Então, as religiões nãotêm que impor sua posição em relação adecisões que cabem aos cidadãos brasileiros em suatotalidade”.Em entrevista hoje(16) à Agência Brasil, ela lembrou que as mulheresfazem o aborto pelas mais diferentes causas, inclusive para evitarsituações traumáticas. Em alguns estados ecapitais, o aborto aparece como principal causas de morte materna. “Éinaceitável, porque tem tecnologia, dinheiro e formas detratar e prevenir que não estão sendo feitas”.Castilhos acredita naaprovação do projeto encaminhado à Câmara dos Deputados pela Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, do governofederal. Ela admite, porém, que a proposta ainda sofre muita resistência. “Tem deputados federais fundamentalistas de religiõesatrasadas que se aproveitam desse tipo de debate para angariarvotos. Mas o debate já está mais avançado nasociedade, e a conferência é uma prova disto”.