Contagem revela redução de 25% dos pirarucus adultos em lagos de município amazonense

16/11/2007 - 20h58

Amanda Mota
Repórter da Agência Brasil
Silves (AM) - O trabalho dos pescadores responsáveis pela contagem dospirarucus nos lagos Purema e Preto, localizados no município de Silves(AM), terminou ontem (15) e, segundo o chefe do Instituto Braileiro dos Recursos NaturaisRenováveis (Ibama) na região, João Vieira, apesar de o número de peixesadultos contabilizados neste ano ter sido inferior ao ano passado, omanejo da espécie na região está garantido."A contagem revelou uma diminuição de25% de peixes adultos. Ainda não podemos precisar ascausas disso, mas sabemos que entre a contagem do ano passado e a desteano, o local sofreu com a invasão de pescadores não autorizados, quedesrespeitaram as normas doacordo existente. A presença de gado no localtambém pode estar contribuindo para essa redução, porque os rebanhos vivem na beira dos lagos, causam impacto no solo e comem o capim que serviria de alimento para os peixes quando o nível das águas sobe", explicou Vieira.Neste ano, foram registrados no local 593 pirarucus, contra 695em 2006. A partir deste resultado, segundo Vieira, o Ibama deverá reforçar a fiscalização da área, para evitar a pesca clandestina, etambém verificar o que fazer se for constatada a interferência do gado. Esse trabalho terá o apoio da Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável doAmazonas, entre outras instituições.A atividade dos pescadores de Silves conclui um ciclo iniciado em setembro no estado, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável de Mamirauá, no município de Tefé. Todos os anos, a contagem segue pelas reservas extrativistas e municípios que possuem acordos de pesca, como Itacoatiara e Silva, incluídos na lista autorizada pelo Ibama para o manejo do pirarucu no estado, ou seja, para a pesca controlada – é respeitado o período de retirada do animal do meio ambiente, sem prejudicar o crescimento dos filhotes ou a reprodução dos adultos.Gelson Batista, especialista em manejo de recurso pesqueiro, explicou que o trabalho começa em Tefé porque lá o nível das águas diminui antes dos outros municípios. "A época ideal para a contagem varia de acordo com a redução do nível das águas dos rios em cada município. O momento ideal é quando os lagos estão isolados e os pirarucus não têmcontato com o canal principal dos rios, ficando assim concentradosnesses lagos. Depois disso, o trabalho só poderá se repetir no próximoano, quando o processo natural volta a acontecer. Tudo isso oscontadores de Mamirauá têm levado para outros pescadores, que  repassam o conhecimento a suas comunidades", disse.Após a conclusão da contagem, os pescadores iniciarão, no domingo (18), a pesca autorizada pelo Ibama e que prevê 30% do total de peixes adultos. Nos dois dias seguintes os peixes serão vendidos a R$ 4 o quilo e o lucro reverterá para os pescadores e moradores da comunidade que participam da atividade de manejo.