Farmácia Popular já atende a 7 milhões e lei prevê cadastro para monitorar diabéticos

16/11/2007 - 20h45

Morillo Carvalho
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A paulista Lailla Hubner tem 20 anos e um problema de saúde que a acompanhará para o resto da vida: o diabetes. Por mês, gasta cerca de R$1.500 para custear seringas, insulina e medicamentos, que usa todos os dias para fugir dos problemas causados pela doença. Ela poderia, como qualquer cidadão, comprar medicamentos nas Farmácias Populares a preço de custo. Dados do Ministério da Saúde indicam que cerca de 7 milhões de diabéticos em todo o Brasil compram, regularmente, os medicamentos de que precisam nas unidades do programa.No entanto, Lailla não consegue encontrar nas unidades de Brasília, onde reside, o principal “ingrediente” para o tratamento: a insulina. “A maioria [das Farmácias Populares] nem geladeira tem”, constatou a estudante de direito, ao lembrar que a insulina deve ser conservada em refrigeradores. A reclamação da jovem tem fundamento: a insulina não está na lista dos medicamento vendidos nessas farmácias. Mas no ano que vem entrará em vigor uma lei que o Ministério da Saúde regulamentou no dia 10 de outubro, determinando a distribuição gratuita de insulina em postos de saúde e em unidades básicas do Programa Saúde da Família de todo o país.“Eu acho que não adianta muita coisa, porque os hospitais já distribuem – eles falam –, mas sempre está em falta. Quando eles têm a insulina, não fornecem a quantidade necessária, porque precisam economizar para distribuir a todos", acrescentou a estudante. Segundo o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, em entrevista à Agência Brasil, um dos problemas da lei é que ela prevê um cadastro dos diabéticos para monitorar o tratamento.“Já estamos trabalhando e eu vejo que gradualmente nós vamos avançar. O diabetes é um problema sério, estima-se que 7% da população brasileira tenham a doença e que grande parte tenha e não saiba”, disse. E concluiu: “Nós vamos ter que fazer um grande esforço, o PAC [Programa de Aceleração do Crescimento] da Saúde coloca o diabetes e a hipertensão como dois problemas importantes a serem enfrentados”, concluiu o ministro.O presidente da Associação Nacional de Assistência aos Diabéticos (Anad), Fadlo Fraige Filho, disse acreditar que a aplicação da lei poderá, inclusive, desonerar o governo no custeio das complicações da doença – além de hipertensão e problemas cardiovasculares, o diabetes pode levar à amputação de membros inferiores do corpo e, conseqüentemente, à aposentadoria precoce –, incluindo-se aí a Previdência Social. “Tudo o que se puder fazer hoje para a população diabética, que aparentemente seria um gasto no tratamento, será um lucro para o governo, num futuro não distante", defendeu.