Fabíola Ortiz
Da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Uma operação da Polícia Militar iniciada às 7h30 na favela Vila Cruzeiro, no Complexo do Alemão (zona norte da cidade), deixou hoje (16) pelo menos cinco moradores feridos, entre eles um adolescente de 14 anos.Segundo a polícia, todos são moradores da favela e foram encaminhados para o Hospital Getúlio Vargas, na Penha, mas passam bem. Ninguém foi preso e não houve apreensão durante a operação que reuniu 25 policiais, com apoio de um carro blindado. O comandante do 16º Batalhão da Polícia Militar, em Olaria (também na zona norte da cidade), coronel Marcos Jardim, explicou que o objetivo da operação era reprimir o tráfico e descobrir o paradeiro de um dos líderes da facção. Na opinião dele, essas operações são a única forma de combater o tráfico e a violência na região: "O Estado tem que entrar nessas áreas. Ali é terreno de guerra, eu não minto para a população – a área é conflagrada, palco de guerra, a presença do policial militar é necessária", afirmou. E acrescentou: "Por várias horas o confronto foi acirrado, os policiais tiveram grande dificuldade em progredir. Trabalhamos com a hipótese de que haja traficantes baleados no interior da favela que não chegaram a ser socorridos." Já Luiz Cláudio dos Santos, presidente de uma das associações de moradores do Complexo do Alemão, disse acreditar que não é por meio de ações policiais que se pode combater o tráfico e que apenas uma minoria da população está envolvida. "Estamos vivendo os piores anos da nossa vida. Isso mexe muito com o psicológico da população – a cada operação, sempre há pessoas inocentes envolvidas, isso cria desânimo. Muitos reclamam, dizem que pretendem sair daqui, por não terem como viver ou criar os filhos. E ainda há o preconceito: quem mora aqui não consegue mais ter uma vida normal, um emprego, é sempre rejeitado, é um abandono total. Não é dessa forma que se combate o crime, não é atingindo a maioria da população que se conseguirá resolver o problema", afirmou.A Polícia Militar ocupa o Complexo do Alemão há seis meses. Desde junho, a Força Nacional de Segurança também patrulha os acessos à favela. De maio até hoje, mais de 50 pessoas morreram em tiroteios entre policiais e traficantes.