Paula Laboissière
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Hoje (16) se comemora em todo o país o Dia doNão Fumar, que tem como proposta mobilizar a população para discutir as conseqüências do tabagismo para a saúde. Nos últimos anos, o crescente númerode doenças provocadas pelo fumo reforçou os questionamentos sobre os efeitos do tabagismo. Segundo a OrganizaçãoMundial da Saúde (OMS), o vício do cigarro éconsiderado a principal causa de mortes inevitáveis em todo omundo.
Para o pneumologista CelsoAntônio Rodrigues, chefe do Núcleo dePrevenção da Gerência do Câncer do DistritoFederal, a importância de datas como a de hoje é a possibilidade de promover debates e alertar a população.
“Nunca umaepidemia causou tanta morte quanto está causando o tabagismo, uma epidemia que alcança o mundo inteiro. Não tem umpaís em que não se fuma.”
O especialista afirma que, dentre as substâncias presentes no cigarro, asmais maléficas à saúde humana são obenzopireno e o monóxido de carbono, que alteram o DNA dacélula, transformando uma célula normal em uma céluladiferente e, posteriormente, em um tumor.
Dentre asdoenças relacionadas ao uso prolongado do cigarro, o médicodestaca os diversos tipos de câncer, além de problemasvasculares, derrame cerebral e até mesmo a amputaçãode membros. “Não tem um órgão do organismo queesteja livre em função do indivíduo fumar”.
O médico explica que o câncer de pulmão, doença maisassociada ao tabagismo, pode se manifestar de diferentes formas. Oadenoma, um tumor benigno, pode ou não ter relaçãocom o cigarro. Já o adenocarcinoma e o carcinoma espinocelularsão causados diretamente pelo fumo.
Celso Antônio Rodrigues alertaque as pessoas que convivem com fumantes e que acabam se tornandofumantes passivos estão igualmente ameaçadas.Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que o chamado o tabagismo passivo é aterceira principal causa de morte evitável no mundo, depois do tabagismoativo e do consumo excessivo de álcool.O ar poluído contém, em média, três vezes maisnicotina, três vezes mais monóxido de carbono, e até cinqüenta vezesmais substâncias cancerígenas do que a fumaça que entra pela boca dofumante depois de passar pelo filtro do cigarro.Outro mal causado pelo tabaco é o enfisema pulmonar, doença caracterizada pela destruiçãoprogressiva dos pulmões. Os sintomas iniciais se resumem à falta de ar, mas aofinal, o paciente não consegue mais respirar sozinho, esobrevive apenas à base de oxigênio.
"Algumas pessoas,ao parar de fumar, melhoram muito a condiçãorespiratória, mas aquilo que o cigarro destruiu não vaimais se recuperar”.
Dentre asdificuldades para largar o vício, o especialista destaca nãosomente a dependência química, que pode levar acrises de abstinência severas, como também opróprio condicionamento provocado pelo ato de fumar. “A pessoa cria aqueleritual de acordar, tomar um café e fumar, almoçar efumar”.
ParaRodrigues, o fumante que deseja largar o vício precisa investir emuma mudança de comportamento. Para os que sãoconsiderados dependentes fortes, o pneumologista recomenda areposição de nicotina por meio de gomas de mascar eadesivos transdérmicos, disponíveis no Brasil.
O médicogarante que o indivíduo que consegue parar de fumar peloperíodo de um ano já pode ser considerado umex-fumante. Ele afirma que os benefícios de parar de fumar podem ser percebidos ainda nasprimeiras 24 horas sem o cigarro. “A pessoa já tem umapressão arterial dentro da normalidade, melhora as suascondições respiratórias, dorme mais e melhor”.
Rodrigueslembra que a composição química da fumaçado cigarro envolve cerca de 4.720 produtos químicos, algunsdeles radioativos, como o Polônio 210 e o Césio. Eledestaca o fato de que a receita para assistência à saúdeno Distrito Federal, atualmente, é de R$ 20 milhões por mês,dos quais R$ 12 milhões são gastos com doençasrelacionadas ao tabaco.