Alessandra Bastos
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A crise aérea brasileira está afetando diretamente o setorde hotelaria. A afirmação é do presidente da Associação Brasileira da Indústriade Hotéis (ABIH), Eraldo Alves Cruz. Segundo ele, a região Nordeste é a maiorprejudica com queda de 30% a 40% do movimento e estima-se que o setor já tenhademitido 15 mil funcionários na região.Eraldo Cruz conta que o movimento nos hoteis começou a diminuir com a venda daVarig, no ano passado, e piorou com os acidentes do Boeing 737 da Gol, emsetembro de 2006, e do Aribus A320 da TAM em julho deste ano. Segundo ele, coma saída da Varig, vários aviões com destino ao Nordeste deixaram de existir. “Eramimportantes e expressivos para o turismo internacional”, diz.De acordo com a Varig, em dezembro de 2005, a empresa dispunha de 58 aeronaves.Logo após a venda, passou a operar com 13. Segundo o presidente da ABIH, asregiões Sul e Sudeste foram as menos prejudicadas porque “são regiõesinterligadas com boa infra-estrutura de estrada, o que refaz o movimento”.Para Cruz, a proibição dos vôos chartes (usados em pacotes turísticos) noaeroporto de Congonhas também incidiu diretamente no turismo no Nordeste. Ele informou quenesta semana, a ABIH se reuniu com o ministro da Defesa, Nelson Jobim, parapedir a volta dos vôos. "Ele vai analisar a proposta de abrir os finais de semana para os vôoscharters. Dia de semana, descartado”, conta.Segundo Eraldo Cruz , esse tipo de vôo “é o complemento básico da ocupaçãohoteleira no Nordeste” já que o turismo brasileiro é predominantemente geradopor turistas nacionais. Quase 50 milhões de brasileiros viajam pelo país,enquanto os turistas estrangeiros somam cinco milhões”.Para o presidente da Associação, a queda do dólar tambémteve conseqüências diretas sobre o turismo nacional. Ele explica que, além dediminuir o número de estrangeiros que procuravam o país pelas vantagens damoeda, com a queda do dólar o brasileiro está aproveitando para viajar paraoutros países e também para fazer cruzeiros.Mas, segundo Cruz, o setor sofre ainda com a falta de dados precisos. “É impossíveldizer quanto perdemos”. Ele conta que, no primeiro período do apagão aéreo, oRio de Janeiro, por exemplo, fez uma estimativa de perdas de R$ 25 milhões.Nesta semana, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, anunciou que vai abaixar astaxas aeroportuárias do Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, para atrair ascompanhias aéreas e diminuir o número de pousos em Congonhas, São Paulo.Segundo o ministro, o governo prepara um pacote de medidas para transformar oGaleão no mais importante aeroporto internacional do país.O secretário de Transporte do Rio de Janeiro, Julio Lopes, afirma que o estadopretende criar outras ações para atrair o turista, como uma diária gratuita emum hotel. Segundo ele, no projeto de reforma do Galeão, consta ainstalação física para recepção de passageiros e tripulantes de jatinhosexecutivos nacionais e estrangeiros. Para Julio Lopes, este é um público que“não se importa com o preço. Paga mais para ter velocidade de serviço,segurança e conforto”.