Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O PMDB afastou hoje (4)os senadores Pedro Simon (RS) e Jarbas Vasconcelos (PE) das vagas quelhe cabem na Comissão de Constituição e Justiça(CCJ) que, junto com a Comissão de Assuntos Econômicos(CAE), são as mais poderosas da Casa. Tanto Jarbas Vasconcelosquanto Simon são dissidentes do partido e opositores dogoverno federal. Para as vagas, o líder do partido, ValdirRaupp (RO), indicou os senadores Almeida Lima (SE) e Paulo Duque(RJ), ambos alinhados com o governo e com o presidente da Casa, RenanCalheiros (PMDB-AL).Valdir Raupp afirmou, por telefone, que adecisão foi tomada pela bancada e tem como objetivo garantirmaioria eleitoral para o governo em postos chaves do Senado, onde abase aliada não tem maioria folgada. "Não énada pessoal, mas uma orientação da bancada. A bancadafaz parte de uma coalizão e é orientada a votar com ogoverno", afirmou o líder do PMDB.Jarbas Vasconcelostomou conhecimento da decisão de seu líder pelatelevisão, quando assistia aos pronunciamentos feitos emplenário pelos senadores e transmitida ao vivo pela TV Senado.O parlamentar responsabilizou o presidente do Senado pela decisãode afastá-lo da CCJ. Vasconcelos disse, ainda, que elepretende conversar com Pedro Simon analisarem a reaçãoa atitude do partido."Isso revela odescaramento, o baixo nível que existe no Senado. Um senador [Renan Calheiros] tentando se sustentar numa cadeira a todo custo, selixando e não se importando com as tradições e ahistória do Senado da República", afirmou opeemedebista pernambucano.Já Pedro Simon,considera que, além de uma manobra da "tropa de choque"de Renan, a decisão tem a ver com uma estratégia dogoverno para garantir a aprovação da proposta de emendaconstitucional que prorroga a CPMF até 2011. "Eles(governo) acham que eu e o Jarbas votaríamos contra e eu nãotinha decidido nada ainda", afirmou Simon.O senador gaúchoacrescentou que ficou surpreso pela atitude num dia em que o Senadofez uma sessão plenária em homenagem aos 15 anos demorte do deputado Ulysses Guimarães (PMDB-SP), considerado amaior liderança do partido. "Essa gente já perdeuo conceito das coisas. Estavam no governo do Sarney, foram para ogoverno do Collor, depois do Fernando Henrique e agora estãono [governo] Lula. Para eles vale tudo".A decisão dolíder peemedebista causou reações tambémfora do PMDB. Em nota, o presidente da Comissão deConstituição e Justiça (CCJ), Marco Maciel(DEM-PE), afirmou que a atitude lhe "surpreendeu" uma vezque foram afastados senadores "ilustres e operosos" do PMDBna comissão. "Minha estranhezaé tanto maior quando se sabe que não está emharmonia com a tradição da Casa caracterizada pelorespeito as opiniões dos parlamentares", acrescentou.O senador CristóvamBuarque (PDT-DF) foi mais radical. Ao tomar conhecimento da decisão,ainda em plenário, foi a tribuna e defendeu uma renúnciacoletiva dos senadores que ocupam cargos nas comissões emprotesto a decisão peemedebista. Ele pretende conversar comsenadores de outros partidos, na próxima semana, para discutiruma reação coletiva. Por telefone, foi incentivado pelolíder de seu partido, Jefferson Peres (AM).Buarque ressaltou que oPDT não adotará nenhuma medida "quixotesca"mas julga necessária a reação dos senadores detodos os partidos. "Deram um tapa na cara do Brasil. Hoje, deramum golpe. Amanhã, vão cuspir na cara da gente se nãotomarmos uma posição firme", afirmou o pedetista.