Grazielle Machado
Da Agência Brasil
Brasília - Afalta de terras demarcadas e a proximidade com o homem branco têmlevado os índios Kaiowa Guarani, do Mato Grossodo Sul (MS), a enfrentar problemas ligados à violaçãodos direitos de crianças indígenas. Para discutir essaquestão o Conselho Nacional dosDireitos da Criança e do Adolescente (Conanda), órgãoligado à Secretaria Especial dos Direitos Humanos daPresidência República (SEDH), estárealizando nesta semana uma série de discussões no estado. O eventotermina hoje (4).“Essacomunidade vive numa área de 3 mil hectares para 14 milíndios. Hoje um pecuarista do estado trabalha com umaproporção de um hectare por boi. Ou seja, nósestamos destinando uma área cinco vezes menor para as pessoas,isso é inadmissível. Essa é a principalviolência, todas as outras são decorrência de nãose garantir o direito à terra”, afirmou, a presidente doConanda e subsecretária dos Direitos da Criança e doAdolescente da SEDH, Carmen Oliveira.Apresidente citou que os principais tipos de violência são:a desnutrição infantil, causada pela falta de condiçõesdesses indígenas; o trabalho infantil nas plantaçõesde cana de açúcar e até a exploraçãosexual.ParaCarmem além da questão das terras ainda existe um fatorsocial. Ela explica que, por causa da proximidade das tribos com acidade, muitos jovens indígenas estão se envolvendo como crime. “É quase uma aldeia urbana o que existe aqui. Esseconvívio com a sociedade branca, que é uma sociedade deconsumo, faz com que o adolescente indígena tenha vontade deter bens e isso está gerando a violência”, afirmou.Ocoordenador do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) do MS,Hegon Heck, que também participa das discussões, afirmaque sem resolver a questão da distribuição deterras não tem como resolver os problemas do povo KaiowaGuarani no estado.“Épreciso identificar, demarcar e garantir o território dessesindígenas. Para que dessa forma as famílias possam sereorganizar e dar uma qualidade vida a esses jovens”, disse ementrevista à AgênciaBrasil.Hecklembra ainda que muitos jovens indígenas da regiãoestão envolvidos com drogas e álcool e que por causa dafalta de qualidade de vida muitas famílias indígenasestão desorganizadas e desestruturadas.Tambémparticipam das palestras e debates: representantes da Unicef, daFunai, do Ministério da Educação, da Saúde,representantes do governo municipal e estadual, de ConselhosTutelares, do Conselho Indígena, da AssociaçãoBrasileira de Magistrado e Promotores de Justiça e daJuventude e da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).