Amanda Mota
Repórter da Agência Brasil
Manaus - Com média de 200 mil casos registrados anualmente no Amazonas, a malária preocupa a população do estado e da região. As alternativas para reduzir este número estão entre os temas da 5ª Conferência de Saúde do Amazonas, que está sendo realizada em Manaus e vai até sábado (6).Para o secretário de Saúde do Amazonas, Wilson Alecrim, a malária é hoje a doença que mais preocupa no estado. Ele afirma que, apesar da tecnologia e do crescimento econômico favorecidos pela presença das empresas do Pólo Industrial de Manaus, a população ainda sofre grande probabilidade de contaminação pela doença.A assessoria de imprensa da secretaria estadual, citando números do Ministério da Saúde, informa que 99% dos casos de malária no Brasil são detectados na região amazônica. Os cerca de 200 mil casos anuais colocam o Amazonas em primeiro lugar em números absolutos. Mas levando em conta a população, o estado fica atrás de Rondônia (campeão de casos per capita) e Acre."Se eu fosse secretário de saúde de Santa Catarina, por exemplo, malária teria prioridade zero em meu programa de saúde. Aqui ela é prioridade absoluta porque ainda é uma doença endêmica entre nós", diz. "Ainda convivemos com doenças que já fazem parte da história da saúde pública de outros países e outros estados".O presidente da Fundação de Vigilância Sanitária no Amazonas, Evandro Melo, diz que o alto índice de casos de malária no estado é reflexo do clima, porque o mosquito transmissor (do gênero Anopheles) só sobrevive sob temperatura e umidade altas, situação típica da região amazônica. Ele acredita que qualquer estratégia de saúde nacional precisa levar em conta a maior probabilidade de ocorrência da doença na região."A malária é uma doença que tem uma relação direta com fatores ambientais, sociais e demográficos e por isso o combate tem que estar aliado ao processo de desenvolvimento. Qualquer projeto feito para o Amazonas tem que levar em consideração o risco da malária e, conseqüentemente, desenvolver estratégias para minimizar esse risco", avalia.O presidente do Conselho Nacional de Saúde, Francisco Batista Júnior, reconhece que é preciso considerar as diferenças regionais e acha que esse é um dos principais desafios da saúde pública no Brasil, um país "multifacetado, multicultural, multigeográfico, multissocial"."Não estamos conseguindo colocar em prática projetos que estejam sintonizados com essa multiciplicidade de saberes. Entendemos que essa não é uma tarefa fácil, mas um dos grandes desafios é conseguir pela primeira vez, efetivamente, estabelecer uma espécie de planejamento nos três níveis de governo, na perspectiva de não somente buscar a implementação das grandes decisões, mas também participar e acompanhar a implementação", afirma.Além das alternativas para combater a malária no Amazonas, outras propostas estão sendo elaboradas na conferência. O objetivo do encontro é definir um roteiro que leve em consideração a melhoria da saúde pública no estado, que possa fazer parte do plano nacional que será definido em Brasília, durante a Conferência Nacional de Saúde, em novembro.