Alagoas passa por um "caos" na saúde, avalia promotora

04/10/2007 - 7h18

Isabela Vieira*
Repórter da Agência Brasil
Maceió - A situação da saúde em Alagoas passa por um momento de “caos total e absoluto”. Com cerca de 8,5 mil funcionários em greve, déficit de médicos e dificuldades para marcação de consulta e exames, a promotora de saúde, Michele Tenório, avalia que a situação no estado é grave. Ela apresentou o quadro ao participar ontem da (4) da 6ª Conferência Estadual de Saúde de Alagoas. “Temos todo o tipo de problema. Aqui a população não consegue fazer mamografias, testes de hepatite e sofre com os problemas na distribuição dos kits de tratamento do vírus HIV”.  Segundo ela, em Alagoas faltam equipes de profissionais na área de atenção básica, consultas e exames não são ofertadas de acordo com a necessidade da população, na média complexidade. Além disso, cirurgias, internações e transplantes estão “a cada dia mais difíceis”, na categoria de alta complexidade. Como exemplo da situação, ela lembrou que Alagoas tem a maior taxa de mortalidade infantil no país: 51,9%. No Brasil, a média é de 25,1%. O dado é de 2006 e consta de uma pesquisa do Instituto Brasileira de Geografia e Estatística (IBGE) divulgada no final de setembro.  O quadro apresentado pela promotora de saúde não assusta a professora Maria José Santos. Representando na conferência estadual a cidade de Atalaia - a 50 quilômetros de Maceió -  ela avalia que seu município é um exemplo de desafio da política de saúde pública no estado. “Depois de um sacrifício para conseguir uma consulta, o médico pede os exames que também são complicados”, disse. “Mas até voltar com os resultados e conseguir comprar os remédios, que são caros, é outro calvário”. Para promotora de saúde, a causa de tantos problemas está relacionada à ausência de controle social sobre os recursos, descompromisso dos governos municipais que não investem no setor e a falta de um política de Estado. “Quando muda o governo nem sempre uma política que está dando certo é levada à frente”, comentou.A chefe do gabinete da secretária de saúde do estado, Noélia Barbosa, admitiu “uma crise” resultante do subfinanciamento da saúde e aos governos anteriores. “Chegamos neste ano e encontramos um déficit de mais de R$ 20 milhões. Foi muito difícil conseguir a credibilidade de fornecedores para comprar medicamentos e insumos para as unidades”, destacou. Micheline Tenório também culpou os baixos indicadores sociais por acentuar os problemas. “Precisamos de políticas de transportes, habitação e esgotamento sanitário, principalmente, para a população rural e pobre”, disse alertando que o desenvolvimento não virá com o incentivo à plantações de cana-de-açúcar para produção de etanol.