Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Apagão Aéreo na Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), afirmou hoje (18) que dispõe de indícios para pedir o indiciamento da ex-diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Denise Abreu, no relatório final da CPI.Ele também estuda sugerir o mesmo para o procurador da agência, Paulo Roberto Araújo.À tarde, Maia havia dito que o indiciamento tanto de Denise quanto de outros diretores da Anac era uma possibilidade "polêmica", que seria discutida com partidos políticos e integrantes da comissão.“Há elementos para pedir o indiciamento da Denise Abreu. E também para tratarmos do indiciamento de outras pessoas relacionadas a toda essa crise do setor aéreo. Agora, nós vamos cruzar todas as informações”.Segundo ele, a acusação mais grave contra Denise é a de que ela teria entregue à desembargadora Cecília Marcondes, do Tribunal Regional Federal (TRF) de São Paulo, um documento sem valor para justificar que a pista principal de Congonhas tinha condições de voltar a receber aviões de grande porte. “Esta sim é uma acusação grave que leva à possibilidade de indiciamento”.Segundo a própria desembargadora, foi com base na instrução suplementar (IS 121-189), que determinava que qualquer avião deveria usar o máximo de seus reversos ao pousar na pista principal do aeroporto, que ela deu a sentença favorável ao pedido da Anac.De acordo com o deputado, o procurador da Anac tinha a responsabilidade de saber que a instrução acrescentada aos documentos entregues à desembargadora não tinha valor, pois, apesar de estar publicada no site da agência, não havia sido aprovada pela direção colegiada do órgão. “Estou avaliando a possibilidade de pedir o indiciamento do procurador que levou esta informação, mas ainda preciso me certificar sobre isso. A assessoria jurídica está analisando essa possibilidade para saber se eu não estarei cometendo nenhuma irregularidade jurídica”.Perguntado sobre a possibilidade de responsabilizar também o presidente da Anac, Milton Zuanazzi, Maia foi mais cauteloso. “A meu ver, é mais complexo. Precisamos identificar qual foi a participação objetiva dele em todas essas questões. Ainda estamos cruzando as informações complementares que estão nos documentos e que não tinham sido analisadas com a profundidade necessária”.Segundo Maia, os indiciamentos só deverão ser anunciados junto com as conclusões do relatório, na quinta-feira (20). O deputado Vic Pires (DEM-PA) chegou a comparar a apresentação do relatório a uma novela, em que só no capítulo final as pessoas saberão quem são os responsáveis pela crise do setor aéreo e pelos acidentes da Gol e da TAM, nos quais morreram 353 pessoas. Pires afirmou que, como relator da CPI, Maia tem mais poder que o próprio ministro da Defesa, Nelson Jobim, sendo o único que pode forçar a saída de Zuanazzi da Anac.