Povos das florestas se reúnem em Brasília durante toda a semana

18/09/2007 - 6h06

Erich Decat
Da Agência Brasil
Brasília - Como objetivo de debater as atuais questões ambientais,econômicas e sociais vividas pelas comunidades tradicionaise indígenas começa hoje (18) em Brasília o 2º EncontroNacional dos Povos das Florestas.

Durante o encontro, que ocorreaté domingo (23), temascomo o conhecimento tradicional, comércio justo,biodiversidade e redução da pobreza, entre outros,serão discutidos por representantes indígenas,seringueiros, ribeirinhos, pequenos pescadores, quebradeirasde coco ede movimentos sociais ligados aos biomas nacionais como a Amazônia,o Cerrado, a Mata Atlântica, a Caatinga, o Pantanal e o Pampa.Para oarticulador dos direitos indígenas, Marcos Terena, de Mato Grosso do Sul, um dos maiores desafio do encontro éo debate sobre o Programa de Aceleração do Crescimento(PAC) e o pensamento dos povos das florestas sobre o significado dedesenvolvimento com sustentabilidade ambiental e econômica.“Certamente nós vamos brigar, se for o caso, se por exemplo oPAC não fornecer um mecanismo para assegurar a participaçãodos povos tradicionais nesse avanço econômico”, disse.O desenvolvimento que a gente quer, acrescentou, não ésó o financeiro, mas o ambiental e principalmente o social.Terenaparticipou do primeiro encontro realizado em 1987, um ano antes doassassinato do seringueiro e ativista ambiental Chico Mendes. Oativista foi um dos idealizadores da união dos povos dafloresta. Entre suas propostas, Chico Mendes defendia a criaçãode reservas extrativistas com o objetivo de aliar os interesses doindígenas com os dos seringueiros. Há20 anos, o tema principal do encontro foi o debate sobre o direitoindígena às terras. Segundo Terena, desde entãoocorreram algumas conquistas nessa área. “Passou-se a teruma consciência clara de que sem terras era impossívelsobreviver ou viver com qualidade”, afirmou.

Para oindígena, também houve “maior conscientizaçãode que o meio ambiente não é restrito apenas à Amazôniabrasileira. Os demais ecossistemas só sobreviveram porque ospovos indígenas, do ponto de vista cultural e espiritual, preservaram esses ambientes para as gerações futuras”, acrescentou.Deacordo com coordenador-geral dasOrganizações Indígenas da AmazôniaBrasileira (Coiab), Jecinaldo Sateré-Mawé,no último dia do encontro um documento oficial seráencaminhado ao presidente Luiz Inácio Lula daSilva, com as reivindicações dospovos da floresta. “Queremos que esse documento sirva como umareferencia central para as políticas públicasdestinados aos povos da floresta”, disse. Segundo ele, alémdas recomendações às autoridades, tambémserá traçada uma agenda para a publicaçãodo que foi decidido durante o evento.

Osdebates começam amanhã (19), às 9horas, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, eprosseguem até sexta-feira (21). No sábado (22)e domingo (23), as atividades serão realizadas no JardimZoológico de Brasília.