Edla Lula
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Oministro da Fazenda, Guido Mantega, classificou de "sábia" a decisão doFederal Reserve (FED, o banco central dos Estados Unidos), de reduzirem 0,5 ponto percentual a taxa básica de juros norte-americana. Segundo o ministro, a redução, que não ocorria desde 2003, dará alívioao mercado de crédito, que diminuiu com a turbulência dos últimosmeses."Afalta de disposição de várias instituições financeiras de concedercrédito a quem precisava tinha elevado as taxas de juros e o custofinanceiro. Isso estava asfixiando um pouco o sistema financeirointernacional e, com essa redução da taxa, você estabelece um outropatamar de taxa de juros e, portanto, dá um alívio geral", disse Mantega. Paraele, o fato de o corte ter sido de 0,5 ponto - e não de 0,25 pontopercentual, como a maioria dos especialistas acreditava, mostra umapercepção de que a crise financeira, iniciada no mercado de créditoimobiliário dos Estados Unidos, é mais grave do que se imaginava. "O Fed está reconhecendo que a turbulência émais séria do que se pensava e que ela ainda vai demorar algum tempopara se dissipar". O ministro disse que vê na atitude do FED também umasinalização de que haverá uma redução na atividade econômica dosEstados Unidos, em conseqüência da turbulência, que impedirá a alta dainflação ou, ao contrário, poderá provocar uma deflação. Com a economiadesacelerada, a tendência é que os preços não subam - e isso possibilitouao FED fazer um corte maior na taxa de juros. "A preocupação principaldo FED nesse caso é com o nível de atividade de americano, e menos comuma possível inflação".Aocitar oscilações verificadas no Reino Unido nos últimos dias, Mantegaafirmou que ainda serão necessários "uns meses" para o mercadofinanceiro se acomodar. "Ainda vão pipocar problemas em instituiçõesfinanceiras, principalmente nos países avançados".Quantoao Brasil, entretanto, o ministro manteve a opinião de que o país não seráafetado pela crise internacional. "O Brasil está atravessando muito bemessa turbulência, e as conseqüências aqui são muito pequenas. Até agora,não houve nenhuma repercussão maior. Ela não afetou o nosso nível deatividade, até agora, e também não afetou o comercio exterior brasileiro".Nocaso de uma desaceleração da economia mundial, o ministro da Fazenda disse que omercado interno será capaz de substituir o mercado externo.