Marcha das Margaridas abre espaço para discussão sobre a violência contra a mulher

21/08/2007 - 22h34

Irene Lôbo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A 3ª Marcha das Margaridas, quecomeçou hoje (21) em Brasília, proporcionou a milharesde mulheres de todo o país alguns debates relacionados àrealidade das moradoras do campo. Um desses debates foi sobre aviolência doméstica. A palestra contou com apresença de Maria da Penha Maia, vítima que setransformou em símbolo do combate à violênciacontra a mulher e deu nome à Lei 11.340, que torna maisrigorosa a pena para este tipo de agressão.A coordenadora da ComissãoNacional de Jovens da Confederação Nacional dosTrabalhadores na Agricultura (Contag), Maria Elenice Anastácio,falou da importância da informação para modificara situação de violência vivida por váriasmulheres do campo. Ela lembrou que historicamente a sociedade diz que“em briga de marido e mulher não se mete a colher” equestionou essa cultura.“Em briga de marido e mulher semete a colher e também se leva a informação paraas mulheres e para os homens, porque nós queremos atransformação desse país e a transformaçãodo país não é possível sem que asmulheres estejam incluídas e sejam respeitadas e valorizadasenquanto pessoas, enquanto sujeitos políticos também”,afirmou. Para ela, não basta ter a Lei Maria da Penha: épreciso investir em mais delegacias de mulheres, principalmente nasáreas rurais do país. A subsecretária deProgramas e Ações Temáticas da SecretariaEspecial de Políticas para as Mulheres, Aparecida Gonçalves,disse que a secretaria está trabalhando junto aos estados paraa implementação de mais delegacias de mulheres nopaís.Segundo ela, há hoje noBrasil 395 delegacias de mulheres, 95 Centros de Referência deAtendimento à Mulher em Situação de Violência,15 defensorias especializadas e 145 juizados, entre aquelesespecializados em violência contra a mulher e os criminais quetambém cuidam do problema. O maior número de serviços,cerca de 47%, está situado na Região Sudeste.“O interior do país tempoucos serviços, a maioria se concentra nas capitais eportanto nós estamos tendo um investimento político,financeiro no sentido de interiorizar”, comentou AparecidaGonçalves. “Estamos tentando pactuar para que os Centros deReferência de Assistência Social [CRAs], que hojesão 2.135 no país, também possam atender asmulheres em situação de violência.”A integrante da Marcha Mundial deMulheres Analu Faria lembrou que no campo as mulheres estãomais isoladas e têm mais dificuldades para punir seusagressores, e avaliou que por isso é importante a criaçãode mais delegacias de mulheres nesses locais. O fato de a unidadefamiliar também ser a unidade de trabalho é apontadopela psicóloga como outro fator que dificulta o combate àviolência doméstica no campo.“No Brasil são muito poucasas delegacias das mulheres, que são as que mais as incentivama denunciar, que dão mais confiança a elas. Estãoconcentradas nas capitais e nas regiões metropolitanas”,afirmou.As trabalhadoras rurais recebemamanhã (22) o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, às12h30, no Pavilhão de Exposições do Parque daCidade, em Brasília. Desde ontem (20), trabalhadoras rurais detodo o país estão mobilizadas na luta por melhorias nascondições de vida do campo, contra a fome e a violênciasexista. Amanhã, a partir das 8 horas, está previstamarcha com cerca 30 mil mulheres pela Esplanada dos Ministérios.