Bancos registram lucros no primeiro semestre, mas criam menos empregos

21/08/2007 - 23h07

Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O setor da economia brasileira que mais lucrou no primeiro semestre foi o que menos criou empregos formais. Com ganhos acumulados de R$ 14,52 bilhões no período, segundo estudo da consultoria Economática divulgado hoje (21), os bancos geraram 4.320 postos de trabalho com carteira assinada no semestre, o menor índice entre os setores pesquisados mensalmente pelo Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (Caged) do Ministério do Trabalho.Segundo o Caged, o número de novos empregos nas instituições financeiras representa apenas 0,39% do total de 1,095 milhão de postos de trabalho criados de janeiro a junho – é menos da metade do registrado no mesmo período de 2006, quando o setor gerou 11.508 vagas formais (1,24%).Os lucros dos bancos, em contrapartida, foram no sentido oposto ao da criação de empregos. No dia 7, o Itaú, segundo maior banco privado brasileiro, anunciou lucro semestral de R$ 4,01 bilhões, o maior registrado pelo segmento em 20 anos. Na véspera, o Bradesco havia anunciado ganho de R$ 4,007 bilhões no mesmo período, um valor recorde.De acordo com o estudo da Economática, os bancos são os campeões da lucratividade. O ganho superior aos R$ 14 bilhões acumulado pelas 24 instituições financeiras analisadas pela consultoria equivale a 22,5% do lucro total das empresas com ações na Bolsa de Valores – o maior percentual entre os 22 setores pesquisados.Depois dos bancos, os setores que mais lucraram no primeiro semestre foram os de petróleo e gás, com R$ 11,39 bilhões, e de mineração, com R$ 10,99 bilhões. Os números revelam a concentração do lucro conforme as atividades das empresas. Somente esses três setores responderam por 51% do lucro obtido pelas companhias de capital aberto (negociado em bolsa) de janeiro a junho.O levantamento da Economática analisou 319 empresas com ações em bolsa que, no total, lucraram R$ 64,61 bilhões nos seis primeiros meses do ano. Somente os dois maiores lucros, da Vale do Rio Doce (R$ 10,937 bilhões) e da Petrobras (R$ 10,931 bilhões), representam 16,9% do total.Em relação aos postos de trabalho, outros setores que não apresentaram lucros tão expressivos quanto os de bancos, mineradoras e empresas de petróleo e gás registraram desempenho melhor na geração de empregos. As indústrias de alimentos e bebidas, que lucraram R$ 2,15 bilhões segundo o estudo e ficaram em oitavo lugar na comparação entre os setores pesquisados, com 2,2%, abriram 109.818 vagas – mais de 25 vezes o total criado pelos bancos.Com ganhos de R$ 433 milhões, o que representa apenas 0,7% do total lucrado pelas empresas de capital aberto, o comércio criou 97.051 empregos. A construção civil, que lucrou R$ 370 milhões (0,76%) conforme o estudo da Economática, abriu 97.571 postos de trabalho.