Juliana Andrade
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Apagão Aéreo da Câmara ouviu hoje (21) o presidente daFederação das Associações Brasileiras deControladores de Tráfego Aéreo, sargento CarlosTrifílio. Ele criticou as condiçõesde trabalho, disse quecontroladores têm sido perseguidos e discriminados porsuperiores e que pessoas surdas e gagas, por exemplo, são contratadas para esta função.“Queremoscondições de trabalho, um sistema que funcione, semestar escorado nas costas dos controladores. Queremos um sistemaeficiente e funcional”, disse Trifílio, que está afastado dafunção de controlador. A afirmação, noentanto, não convenceu o relatorda CPI, Marco Maia (PT-RS). Para ele, há um “problema dedefinição da pauta de reivindicação doscontroladores”.O presidente da federação afirmou que a melhoria salarial nãoestá entre as reivindicações. Mas o relator disse que aquestão salarial “apareceu com muita força nasvisitas dos integrantes da CPI" às unidades do Cindacta (Centro Integrado de Defesa Aéreae Controle de Tráfego Aéreo).“Opróprio presidente [da CPI] Marcelo Castro colocou aquicom propriedade que numa diligência que fizemos ao Cindacta-1,num determinado momento da reunião, um cidadão pediu apalavra e disse: 'Olha, gente, vamos parar de frescura porque oque está pegando mesmo é a questão salarial. Seresolver o tema salarial, em uma hora todo o sistema fica operantesem que haja problema'”, declarou Marco Maia.Nodepoimento, Trifilio disse que muitas vezes os supervisores sãoobrigados a aprovar controladores sem condição deexercer a função, por serem surdos ou gagos. O relatorda CPI considerou “preocupante” a informação. “Nósvamos requerer que ele nos informe o nome dessas pessoas que operamnessas condições para que a gente possa verificar se éverdadeira ou não essa afirmação”, disse MarcoMaia.Trifílio é um dos controladores quetiveram prisão administrativa decretada pela Aeronáuticapor duas vezes. A primeira, por quatro dias, pela acusação de usar um telefone operacional (um equipamento detrabalho) em 1º de abril para tratar de assuntos relativosà greve, que ocorreu em 30 de março. Ele informouaos deputados que ligou para um telefone operacional, mas nãoinformou o teor da conversa.A outra prisão foi de 15 dias, por terdado uma entrevista sem autorização,na qual fez críticas às condições detrabalho dos controladores. Militar há 20 anos, Trifílio foi afastado pela Aeronáutica e atualmente trabalha naBase Aérea de São Paulo, em uma funçãomilitar não relacionada ao controle de tráfego.Osargento disse aos parlamentares quenão é contrário à hierarquia militar, masressaltou: "Prefiro ser tachadode indisciplinado que de assassino”. Tambémdefendeu a desmilitarização do tráfegoaéreo, que, no entendimento dele, deveria ficar nas mãosde uma entidade civil ligada ao Ministério da Defesa.