Julio Cruz Neto
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Terminam nesta segunda-feira (28) os depoimentosdos suspeitos de corrupção presos pela OperaçãoNavalha, da Polícia Federal. Os cinco últimos a deporno Superior Tribunal de Justiça (STJ) são todos ligadosà construtora Gautama e seu proprietário, ZuleidoVeras.São eles: Rodolpho de Albuquerque Soares deVeras, filho de Zuleido; Abelardo Sampaio Lopes Filho, engenheiro ediretor da Gautama; Gil Jacó Carvalho Santos, diretorfinanceiro; Tereza Freire Lima, secretária; e o funcionárioHenrique Garcia de Araújo.Zuleido, acusado de ser o pivô de um esquemade fraude em obras públicas, deveria ter prestado depoimentono sábado, mas ficou pouco tempo no tribunal, pois se recusoua falar. Continua preso e aguarda resposta de um pedido de habeascorpus junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) – mesma situaçãoda diretora comercial Maria de Fátima Palmeira, que depôsdurante nove horas mas não foi solta, pois sua liberaçãoestava condicionada ao depoimento do patrão.Na noite de domingo, o STF informou que o pedidode liminar em favor de Zuleido será avaliado pelo ministroGilmar Mendes somente após a chegada de informaçõesrequisitadas por ele ao STJ. “Gilmar Mendes considerou que oprocesso no STF não estava devidamente instruído edecidiu aguardar as informações para analisar o pedidode revogação da prisão preventiva”, informanota oficial. “A prisão, portanto, fica mantida atéque o pedido de liminar seja analisado”.Além de Zuleido, os dois acusados que serecusaram a depor ao STJ neste inquérito (Francisco de PaulaLima Junior e Alexandre Maia Lago, sobrinhos do governador doMaranhão, Jackson Lago) obtiveram habeas corpus.Outra figura de renome que se viu envolvida emsuspeitas de corrupção foi o presidente do Senado,Renan Calheiros (PMDB-AL), que teria recebido dinheiro de outraconstrutora que presta serviços para o governo federal (MendesJunior) para pagamento de contas pessoais, segundo informaçõesveiculadas pela revista Veja. Ele se reuniu no fim de semana com olíder do PMDB no Senado, Romero Jucá (RO), e o senadorJosé Sarney (AP), mas não se pronunciou. Naquarta-feira, deve ter sua situação discutida noConselho de Ética e em reunião da bancada do partido.Até o momento, o único investigadopreso que não foi ouvido é o deputado distrital PedroPassos (PMDB), que obteve habeas corpus do Supremo TribunalFederal (STF). Segundo a assessoria do STJ, até o momento,Passos não formalizou a intenção de depor. Eledeveria ter sido ouvido na última quarta-feira, mas foi soltona noite anterior por causa do habeas corpus, concedido peloministro Gilmar Mendes. No mesmo dia, a ministra Eliana Calmonretirou o nome do distrital da relação de depoentes poracreditar que, uma vez solto, ele não voltaria ao STJ paradepor.Mendes, que foi questionado por conceder liberdade asuspeitos presos pela PF, criticoudurante a semana o vazamento de informações sigilosasda investigação. A afirmação do ministrofoi feita após gravações divulgadas pelaimprensa e possivelmente feitas pela Polícia Federal, em queaparece um nome igual ao dele. Não há detalhesconfirmados sobre a gravação e se ele significa algumalinha de investigação. Segundo Mendes, isso seria umatentativa de amedrontá-lo por conta dos julgamentos de habeascorpus relacionados à investigação.