ONU projeta mínimo de quatro anos de apoio internacional para o Haiti

27/05/2007 - 11h56

Spensy Pimentel
Enviado especial*
Porto Príncipe (Haiti) - As Nações Unidas estimamque a missão de paz no Haiti deverá se estender porpelo menos mais quatro anos. Segundo o vice-representante dosecretário-geral da ONU no Haiti, o brasileiro LuísCarlos da Costa, esse tempo mínimo vem sendo planejado emfunção das experiências anteriores da ONU emmissões como a do Timor Leste, onde se avalia que a retiradaprematura do apoio estrangeiro levou a nova desestabilizaçãodo país“Projetamos isso [quatro anos]como o minimo necessário para apoiar a transformaçãodo Estado, para fortelecer o Estado o suficiente para que possaassumir suas responsabilidades de governo e direcionar o paísna rota do desenvolvimento”, diz Costa. “As necessidades do Haitisão tão grandes que é preciso um acordo dacomunidade internacional de muitos, muitos anos de apoio. Ocomprometimento da comunidade internacional tem que ir além dequatro anos.”O diplomata ressalva que a presençada missão depende de autorizações periódicasdo Conselho de Segurança da ONU. Ele lembra ainda que aprevisão de permanência não significa aestimativa de que o efetivo militar seja mantido (hoje, sãocerca de 7 mil homens). “Isso não significa a presençada Minustah como hoje em dia ela está configurada, é umcomprometimento da comunidade internacional. Vai haver um ajuste naconfiguração da missão.”Costa cita o exemplo do plano dereforma da Polícia Nacional Haitiana, que prevêtrabalhos até 2011, a fim de dobrar o efetivo atualmenteexistente (cerca de 7 mil homens). “O projeto de reforma da políciaé de cinco anos, então obviamente o país nãoterá a capacidade de assumir todas as suas responsabilidadesna área de segurança antes de quatro anos”, diz. “Nomomento em que quadros da polícia podem assumirresponsabilidades específicas, nós podemos começara nos retirar.”Há, ainda, uma preocupaçãocom a capacidade do Estado de enfrentar os desastres naturais, aosquais a região é vulnerável. O Haiti fica nachamada “rota dos furacões”, que têm seintensificado nos últimos anos, com o aquecimento global. “Opaís é muito frágil, muito vulnerável aisso, mas estamos juntamente com outros parceiros da comunidadeinternacional tentando dar a capacidade ao país de resposta.”O diplomata considera que a aceitaçãodo trabalho da missão de paz por parte da populaçãopassa por uma boa fase, com a pacificação recente debairros como Cité Soleil.”Havia antes um questionamento daparte da população de por que a Minustah com a suapresença militar e policial não tinha conseguido maiorcontribuição para solucionar a questão dasquadrilhas e das gangues. Ele reconhece que a expectativa pelaretomada do desenvolvimento permanece. “Hoje em dia existe umreconhecimento muito grande da parte da população deque existe maior estabilidade na área da segurança, massinda há uma expectativa muito grande de melhora no dia-a-diadeles”, diz. “O que eles estão buscando é maiorpoportunidade de emprego, educação para suas famílias,para seus filhos, melhoria na questaõ de saude, saneamentopublico, e isso não é responsabilidade direta dasNações Unidas, da Minustah.” “O que nós estamoscontribuindo é para um clima de estabilidade que vai permitirque os outros atores que contribuirão para o desenvolvimentodo país possam atuar nesseas áreas”, continua.Segundo Costa, o governo haitiano vemliderando o processo de elaboração de um plano dedesenvolvimento do país, em diálogo com a comunidadeintenacional. “Existe um projeto de governo, existe um projeto dedesenvolvimento, e uma determinação da comunidadeinternacional de apoiar esse projeto.”