Missão no Haiti tem legitimidade respaldada pela ONU, defende diplomata brasileira

27/05/2007 - 0h30

Spensy Pimentel
Enviado especial*
Porto Príncipe (Haiti) - A missão de paz no Haiti, cujocontingente militar é liderado atualmente pelo Brasil, temlegitimidade respaldada pelas Nações Unidas, defende adiplomata Maria Luiza Viotti. Ela já foi anunciada peloItamaraty como a nova representante do Brasil junto à ONU edeve assumir o cargo nas próximas semanas.Viotti afirma que o Brasil tem umcompromisso “de longo prazo” com o Haiti e que a tendênciaé o perfil da missão de paz seja modificado, conformeavance o processo de estabilização do país. “Éuma missão de paz, de estabilização quegradualmente tenderá a se transformar”, diz ela. “A missãotem um componente miltar que é muito acentuado atualmente,mas, na medida que o país se estabilize, esse componentemilitar poderá ceder espaço a um componente civil, quejá está atuando no Haiti através das agênciasda ONU.”“Enquanto o governo haitiano e asNações Unidas considerarem importante nossaparticipação, nós pretendemos dar o nossoconcurso para a estabilização, a consolidaçãodemocrática e o desenvolvimento do Haiti”, completa. “Amissão no Haiti se diferencia de outras intervençõesque não têm respaldo internacional. A legitimidade éconferida pela ONU, por meio do mandato do Conselho de Segurança.”Segundo a diplomata, o própriopresidente haitiano, René Préval, tem reiterado asolicitação de que a Minustah continue atuando no país.“Ele tem manifestado a importância que o Haiti atribui àparticipação da Minustah e tem solicitado acontinuidade dessa presença”, diz ela. “Ele tem feitotambém a mesma soliticitação ao Brasil. Nosvários encontros que já manteve com o presidente Lula,ele tem reiterado o agradecimento pela presença brasileira epela liderança do contingente militar e tem nos pedido quecontinuemos a prestar esse apoio.” Viotti explica ainda que tem seconsolidado na ONU a percepção da necessidade de umtrabalho de longo prazo no Haiti. Nos últimos vinte anos,conta ela, houve diversas missões de paz no Haiti. “Na ONU,há a percepção de que essas missõestalvez tenham deixado o país prematuramente, antes queestivessem dadas as condições de uma real estabilidadee de uma real retomada do crescimento pelas próprias condiçõesdo país.” A diplomata diz existir a convicçãode que, com essa ajuda, o Haiti tem viabilidade política eeconômica e poderá manter-se. “A percepçãoé que, uma vez dadas as condições deestabilidade, como nos últimos meses, com a pacificaçãodo país pela Minustah, já se notam iniciativas,abertura de pequenos negócios, restaurantes, pequenosatividades comerciais”, diz ela. “È um povo empreendedor,que já teve no passado condições de demonstrarque pode efetivamente construir um país viável. E nóstemos toda confiança de que isso vai acontecer.”