União prefere ceder terrenos a cooperativas para evitar "expulsão branca" de moradores

26/12/2006 - 17h37

Alex Rodrigues e Julio Cruz Neto
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A cessão de terrenos da União a cooperativas, e não a cidadãos individualmente, evita que os imóveis sejam absorvidos pelo mercado ao invés de cumprirem sua função social.A secretária do Patrimônio da União, Alexandra Reschke, explica que, para evitar a chamada “expulsão branca”, o governo apóia prioritariamente cooperativas e associações na hora de ceder seus imóveis.Isso, diz ela, garante maior resistência a situações onde a família, individualmente, pode ser mais vulnerável a pressões, especialmente por problemas financeiros. “Em grupo, os moradores têm mais condições de resistir. No momento de dificuldade, contam com apoio solidário dos seus parceiros”.No último sábado (23), a cooperativa de catadores de lixo reciclável Coopamari ganhou três terrenos da União na região central de São Paulo, que deverão abrigar 77 famílias.Segundo a secretária, é o primeiro caso de cessão para uma associação de papeleiros. “Mas já há praticamente 500 mil famílias de baixa renda que ocupam imóveis da União e estão em processo de regularização fundiária, urbanística e ambiental”.Na área central de uma grande cidade, diz ela, trata-se do primeiro resultado da “nova política” do governo federal de atender catadores de papel.Os terrenos cedidos estavam sendo usados como estacionamento. Alexandra Reschke explica que agora a cooperativa tem de aprovar projetos na prefeitura, que com uma “forma arquitetônica peculiar”, pois devem prever lugar para os catadores guardarem seus carrinhos.