Pesquisadora apura "instabilidade" profissional e pessoal também entre adultos

26/12/2006 - 21h46

Irene Lôbo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A chamada “crise da juventude” ocorre poruma mudança nas condições que estabelecem o que é ser adulto. A definição é de Ana Amélia Camarano, diretora de Estudos Macroeconômicos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Ela é a responsável pelo estudo Transição para a vida adulta ou vida adulta emtransição, lançado em livro no último dia 15.Aos jovens, segundo a diretora, é permitido mudar mais de trabalho e derelacionamentos afetivos, por estarem em uma fase considerada "de transição". Mas essa “instabilidade” profissional e pessoaltambém está ocorrendo com os adultos, o que deixa a juventudesem parâmetros. “O que era um modelo de vida adulta para ojovem – estabilidade no emprego, estabilidade nasrelações afetivas – está mudando. Então ele também não tem mais ummodelo. Para dizer o que é ser jovem, você tem que contrapor ao que éser adulto. E se o ser adulto está mudando, o que é ser jovem também temque mudar”, diz Ana Amélia. Apesar disso, o estudo mostra que oprocesso de transição tradicional da juventude para a vida adulta,marcado pela seqüência saída da escola, entrada no mercado detrabalho, casamento com saída da casa de origem e nascimento de filhos, ainda é predominante na sociedade brasileira. “Na verdade, o modeloainda é o modelo tradicional, o que mudou foi a ordem, você não temmais uma seqüência linear”, diz a pesquisadora. Aprincipal conclusão do livro, segundo Ana Amélia, é que assim como avida adulta está mudando, a transição para essa fase também passa poralterações: as dificuldades que muitos jovens enfrentam, como arranjaremprego, também estão presentes na vida adulta. E ela conclui: “Talvez a principalmudança hoje seja na vida adulta, e não na juventude”.