Irene Lôbo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A jovem Márcia Barbosa, de 19 anos, comemorahoje (26) o segundo aniversário de sua filha Yasmin. Quando o bebênasceu, ela fazia o segundo grau. Após o nascimento dacriança, terminou os estudos, arrumou o primeiro emprego e, nopróximo ano, vai se casar com o pai de Yasmin. "Muita gente fala que quando você é nova e tem um filho, sua vida acabou. É mentira. Você não acabou com a sua vida, você só atrasou umpouco o curso dela. A gente normalmente estuda, trabalha, casa e temfilhos. Eu estudei, tive filhos, vou casar e já estou trabalhando. Sóinverti a ordem das coisas”, relata a jovem. Aseqüência da vida de Márcia mostra que a transição da juventude para afase adulta sofreu alterações nos últimos anos. Se antes esse processo era marcado pela seqüência de saídada escola, entrada no mercado de trabalho, casamento com a saída dacasa de origem e nascimento dos filhos, atualmente a ordem dos fatoresé, em muitos casos, invertida. Essa é umadas conclusões do livro Transição para a vida adulta ou vida adulta emtransição, organizado pela diretora de Estudos Macroeconômicos doInstituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Ana Amélia Camarano. Apublicação foi lançada no dia 15 de dezembro. Deacordo com Ana Amélia, duas questões colocaram a juventude no debatesobre políticas pública: a mortalidade precoce (por violência ehomicídio) e a gravidez precoce, determinada quando nascem os filhossem que mãe ou o pai tenham terminado os estudos e entrado no mercadode trabalho. A partir dessas constatações, o Ipea encomendou o estudo, a fim de analisar a juventude atual a partir dosprocessos de transição para a vida adulta. Umadas primeiras conclusões do estudo é a de que as experiências devida e as expectativas das gerações atuais são mais complexas e menosprevisíveis. O aumento da escolaridade, as dificuldades para arranjar oprimeiro emprego e a mudança nos padrões de relacionamento estão entre as diferenças destacadas no livro. “No Brasil de hoje, todo mundoenfrenta sérias dificuldades no mercado de trabalho, mas essasdificuldades incidem mais sobre os jovens. E isso tem afetado outroscaminhos. Se o jovem não tem uma boa inserção no mercado de trabalho,isso provavelmente vai dificultar a saída dele da casa dos pais, oestabelecimento de uma relação afetiva”, explica Ana Amélia Camarano.